PAPA NA MISSA EM BRNO: CRISTO É NOSSA ÚNICA ESPERANÇA CERTA
Praga, 27 set (RV) - Prossegue, em seu segundo dia, a visita pastoral de Bento
XVI à República Tcheca, em sua 13ª viagem apostólica internacional. Esta manhã, o
Santo Padre deixou Praga transferindo-se de avião para a cidade de Brno – capital
da região tcheca da Moravia, onde, às 10h locais, celebrou a santa missa na esplanada
adjacente ao aeroporto da cidade.
A celebração teve a participação de cento
e cinqüenta mil fiéis, entre os quais milhares de peregrinos provenientes da Eslováquia,
Polônia, Alemanha, Hungria e Áustria. Trata-se do maior encontro religioso da história
da República Tcheca. Foi a primeira vez que um papa visitou a cidade.
Na homilia
da celebração, o Santo Padre fez um convite a se redescobrir a salvação trazida por
Jesus, única esperança da humanidade. A história ensina o absurdo ao qual o homem
chega quando exclui Deus – observou.
A missa, concelebrada por cerca de 50
cardeais e bispos, teve a participação, entre outras autoridades, do presidente do
tcheco, Václav Klaus, acompanhado de sua consorte.
Tratou-se de uma missa vivida
com grande participação. No início, um sacerdote explicou que era desejo do papa viver
o rito em silencioso recolhimento, sem aplausos e vivas. Foi uma exortação acolhida
muito positivamente pelos fiéis, que durante o regime comunista eram obrigados a manifestações
de apoio fortemente entusiastas.
Próximo ao altar encontrava-se a imagem de
Nossa Senhora com o Menino Jesus, do Santuário de Turany – a chamada Mãe dos Espinhos,
consoladora daqueles que se encontram na dor e no sofrimento.
O pontífice recordou
que Jesus veio para anunciar a libertação e alegria a todos os aflitos e aos pobres:
Ele é "a única esperança 'certa' e 'confiável' de que precisam esta terra, a Europa
e toda a humanidade:
"A experiência da história mostra a quais absurdos chega
o homem quando exclui Deus do horizonte de suas escolhas e de suas ações, e como não
é fácil construir uma sociedade inspirada nos valores do bem, da justiça e da fraternidade,
porque o ser humano é livre e a sua liberdade permanece frágil. Então, a liberdade
deve ser constantemente conquistada para o bem e a não fácil busca da justa ordem
das coisas humanas é uma tarefa que cabe a todas as gerações."
A verdadeira
esperança – acrescentou – se realizou com a morte e ressurreição de Jesus que nos
libertou da escravidão do egoísmo e do mal. Mas hoje a cultura atual representa muitas
vezes "um desafio radical para a fé e, portanto, também para a esperança":
"De
fato, tanto a fé quanto a esperança, na época moderna, sofreram uma modificação de
lugar, porque foram relegadas ao âmbito privado e ultraterreno, enquanto na vida concreta
e pública tomou pé a confiança no progresso científico e econômico (cfr Spe
salvi, 17). Todos sabemos que esse progresso é ambíguo: abre possibilidades para o
bem junto a perspectivas negativas."
"Os desenvolvimentos técnicos e o melhoramento
das estruturas sociais – ponderou o pontífice – são importantes e certamente necessários,
mas não bastam para garantir o bem-estar moral da sociedade":
"O homem precisa
ser libertado das opressões materiais, mas deve ser salvo – e mais profundamente –
dos males que afligem o espírito. E quem pode salvá-lo a não ser Deus, que é Amor
e revelou a sua face de Pai onipotente e misericordioso em Jesus Cristo? Portanto,
a nossa firme esperança é Cristo: n'Ele, Deus nos amou extremamente e nos deu a vida
em abundância (cfr Jo 10, 10), essa vida que toda pessoa, por vezes até mesmo
sem saber, anseia possuir."
O papa recordou que "muitos sofreram por manter-se
fiéis ao Evangelho e não perderam a esperança; muitos se sacrificaram para dar novamente
dignidade ao homem e libertar os povos, encontrando na adesão generosa a Cristo a
força para construir uma nova humanidade":
"E, no entanto, na sociedade atual,
onde tantas formas de pobreza nascem do isolamento, do não ser amados, da rejeição
a Deus e de um originário trágico fechamento do homem que pensa poder bastar a si
mesmo, ou então, de ser apenas um fato insignificante e passageiro; neste nosso mundo
que é alienado "quando se confia a projetos somente humanos" (cfr Caritas in
veritate, 53), somente Cristo pode ser a nossa esperança certa. Esse é o anúncio que
nós cristãos somos chamados a difundir todos os dias, com o nosso testemunho." (RL)