Cidade do Vaticano, 26 set (RV) - Esta semana a ecologia brasileira, especialmente
a referente à Amazônia, foi assunto de um almoço aqui em Roma – e do qual participei
– entre autoridades de alto escalão, representantes do governo brasileiro. Sem
citar nomes, observou-se nas discussões o centro das atividades ecológicas, isto é,
o ser humano.
O episódio vivido por uma das autoridades ilustrou o sentido
maior e definido da ecologia: num encontro com o povo de sua região, ao procurar conscientizar
as pessoas da necessidade de preservar as matas, de não derrubar as árvores, uma senhora
pediu licença e lhe disse: eu não derrubo árvore, mas o senhor pode ficar certo de
que se meu filho estiver com fome e eu não tiver nenhuma comida em casa e nem dinheiro
para comprar, vou derrubar a árvore que estiver na minha frente para vender a madeira
e conseguir comida para meu filho. O jovem executivo teve de reconhecer a prioridade
da vida da criança sobre a vida da árvore.
Por outro lado, conservar a natureza
requer ingentes recursos. Existe uma série de procedimentos que são altamente custosos
e devem ser vistos como investimentos para que florestas e fauna possam ser preservadas.
Efetivamente,
ecologia é mais que educar um povo a cuidar dos animais, preservar as espécies e as
matas, zelar pelos procedimentos éticos das empresas ao primar por desenvolver uma
atividade respeitosa do ambiente – atenta para a quantidade de fumaça que emitem no
ar, para os produtos químicos que derramam na terra e lançam nos rios; atenta para
tudo aquilo que pode desequilibrar a harmonia entre os seres criados, comprometendo
o eco sistema. Ecologia é mais que isso.
Se lermos a narração da Criação contida
no livro do Gênesis e passarmos nossos olhos também em alguns capítulos do Apocalipse,
teremos a confirmação de que tudo o que foi criado é bom e o Homem é o centro dessa
criação. Toda e qualquer ação ecológica só faz sentido se o objetivo final for o bem
do Homem, da Humanidade. O Homem é o centro da Criação e tudo deve estar ao seu serviço,
evidentemente, usando e não abusando de seus recursos. Respeitar a natureza mantendo
seu equilíbrio ecológico é fundamental, pois toda insana e irresponsável atitude pode
se reverter contra o próprio homem.
Uma conhecida reflexão ecológica nos diz
que Deus perdoa sempre, nós algumas vezes, a natureza jamais. (CAS)