2009-09-25 17:50:31

África e financiamento do desenvolvimento


(25/9/2009) É necessário prestar uma atenção particular ao Continente africano, onde o mapa do desenvolvimento regista fortes desigualdades. Na África, a situação é diferente de país a país; aliás, observa-se uma tendência à polarização entre situações de bom êxito na obtenção de recursos e da sua frutificação, e situações de total marginalização. Por exemplo, só poucos países africanos atraem investimentos estrangeiros directos não exclusivamente interessados na exploração dos recursos minerários ou energéticos. Depende muito da situação interna de cada um dos países; segundo os termos do "Monterrey Consensus", da capacidade de mobilizar recursos internos e de lutar contra fugas de capital, evasão fiscal e corrupção.
Além disso, é evidente que em situações de conflito armado infelizmente numerosas na África a dimensão económica do desenvolvimento torna-se simplesmente improponível.
Quanto ao perdão da dívida externa, progressos foram alcançados; todavia, os recursos para a eliminação da dívida raramente foram adicionais em relação aos fluxos de ajuda, e isto comportou efeitos de recomposição dos balanços públicos sem um real incremento dos recursos disponíveis para as acções de luta contra a pobreza.
Dois pontos devem ser oportunamente salientados. Um diz respeito às opções de política internacional dos governos africanos: deve-se apoiar a crescente vontade de cooperação internacional Sul-Sul, num continente onde adquirir uma certa familiaridade com a cooperação internacional poderia contribuir para orientar preventivamente os conflitos num espaço de negociação incruento. O segundo refere-se às opções de política interna, em matéria de luta contra a pobreza e de desenvolvimento: é necessário que sejamos promotores convictos da solução solidária, que valorize e reforce as formas de resposta às necessidades que nascem "a partir de dentro" da sociedade africana, que possui um grande património de cultura solidária que sabe manifestar-se com uma extraordinária força de testemunho.
A experiência de cooperação internacional para o desenvolvimento já é suficientemente ampla para permitir concluir que políticas e recursos "vindos do alto" podem produzir efeitos benéficos imediatos, mas sozinhos não oferecem respostas adequadas para sair, de modo sustentável, da pobreza. Os princípios de subsidiariedade e de solidariedade, tão queridos à doutrina social da Igreja, podem inspirar um desenvolvimento autêntico, no sinal de um humanismo integral e
solidário.
 (Do documento do Conselho Pontifício Justiça e Paz publicado na véspera da Conferencia de Doha sobre o financiamento ao desenvolvimento – 18 de Dezembro de 2008)
 
 







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