2009-09-25 17:49:56

Magistério de Bento XVI – trechos sobre a África :O primeiro sínodo para a África pôs em realce a necessidade de incarnar o mistério de uma Igreja-Familia


(25/9/2009) Encontramo-nos actualmente num período histórico que coincide, do ponto de vista civil, com a reavida independência e, do ponto de vista eclesial, com o acontecimento do Concílio Vaticano II. A Igreja na África preparou e acompanhou, durante este período, a construção das novas identidades nacionais e, paralelamente, procurou traduzir a identidade de Cristo segundo caminhos próprios. Enquanto a hierarquia se tinha pouco a pouco africanizado, a partir da ordenação dos Bispos do vosso continente pelo Papa Pio XII, a reflexão teológica começou a desenvolver-se. Seria bom que os vossos teólogos continuassem hoje a sondar a profundidade do mistério trinitário e o seu significado para a vida diária africana. Talvez este século permita, com a graça de Deus, o renascimento no vosso continente da prestigiosa Escola de Alexandria, certamente porém sob uma forma diversa e nova. Porque não esperar dela que possa fornecer aos africanos de hoje e à Igreja universal grandes teólogos e mestres espirituais que contribuiriam para a santificação dos habitantes deste continente e da Igreja inteira? A Primeira Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos permitiu indicar as direcções a tomar e pôs em evidência, para além do mais, a necessidade de aprofundar e encarnar na vida o mistério de uma Igreja-Família.
Quero sugerir qualquer reflexão sobre o tema específico da Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, relativo à reconciliação, à justiça e à paz.
Segundo o Concílio Ecuménico Vaticano II, «a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano» (Lumen gentium, 1). Para bem cumprir a sua missão, a Igreja deve ser uma comunidade de pessoas reconciliadas com Deus e entre si mesmas. Deste modo, pode anunciar a Boa Nova da reconciliação à sociedade actual, que infelizmente conhece, em numerosos lugares, conflitos, violências, guerras e ódio. O vosso continente não tem sido poupado; foi e é ainda triste cenário de graves tragédias que reclamam por uma verdadeira reconciliação entre os povos, as etnias, os homens. Para nós, cristãos, esta reconciliação enraíza-se no amor misericordioso de Deus Pai e realiza-se através da pessoa de Jesus Cristo, que, no Espírito Santo, ofereceu a todos a graça da reconciliação. As consequências que daí se hão-de manifestar serão a justiça e a paz, indispensáveis para construir um mundo melhor.
(Do discurso de Bento XVI durante o encontro com os membros do conselho especial para a África do sínodo dos bispos na nunciatura apostólica de Yaoundé -19 de marco de 2009)









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