2009-09-25 17:49:47

Magistério de Bento XVI – trechos sobre a África :O laço profundo entre a África e o cristianismo


(25/9/2009) Alguns momentos significativos da história cristã deste continente podem recordar-nos a ligação profunda
que existe entre a África e o cristianismo a partir das suas origens. Segundo a venerável tradição patrística, o evangelista São Marcos, que «transmitiu por escrito o que fora pregado por Pedro» (Ireneu, Adversus haereses III, I, 1), veio a Alexandria reanimar a semente espalhada pelo Senhor. Este Evangelista deu testemunho na África da morte na cruz do Filho de Deus – último momento da kenose – e da sua elevação soberana, para que «toda a língua proclame: Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai» (Fil 2, 11). A Boa Nova da vinda do Reino de Deus espalhou-se rapidamente no norte do vosso continente, onde teve ilustres mártires e santos e gerou insignes teólogos.
Depois de ter sido posto à prova por vicissitudes históricas, o cristianismo subsistiu, durante quase um milênio, apenas na parte nordeste do continente. Com a chegada dos europeus, que procuravam a rota para a Índia, nos séculos XV e XVI, as populações subsaarianas encontraram Cristo. Foram as populações costeiras que receberam, em primeiro lugar, o baptismo. Nos séculos XIX e XX, a África subsaariana viu chegar missionários, homens e mulheres, que provinham de todo o Ocidente, da América Latina e mesmo da Ásia. Desejo prestar homenagem à generosidade da sua resposta incondicional ao apelo do Senhor e ao seu ardente zelo apostólico. Aqui queria ir mais além e falar dos catequistas africanos, companheiros inseparáveis dos missionários na evangelização. Deus tinha preparado o coração de um certo número de leigos africanos, homens e mulheres, jovens e de mais idade, para receberem os seus dons e levarem a luz da sua Palavra aos seus irmãos e irmãs. Leigos com os leigos, souberam encontrar na língua de seus pais as palavras de Deus que tocaram o coração dos seus irmãos e irmãs. Souberam partilhar o sabor do sal da Palavra e fazer resplandecer a luz dos Sacramentos que anunciavam. Acompanharam as famílias no seu crescimento espiritual, encorajaram as vocações sacerdotais e religiosas, e serviram de ligação entre as suas comunidades e os presbíteros e os bispos. Com naturalidade, realizaram uma eficaz inculturação que deu maravilhosos frutos (cf. Mc4, 20). Foram os catequistas que permitiram que a «luz brilhasse diante dos homens» (Mt 5, 16), porque, vendo o bem que faziam, populações inteiras puderam dar glória ao nosso Pai que está nos céus. São africanos que evangelizaram africanos. Evocando a sua memória gloriosa, saúdo e encorajo os seus dignos sucessores que trabalham hoje com a mesma abnegação, a mesma coragem apostólica e a mesma fé dos seus antecessores. Que Deus os abençoe generosamente! Durante este segundo período, a terra africana foi abençoada com numerosos santos. Limito-me a nomear os gloriosos mártires do Uganda, os grandes missionários Ana-Maria Javouhey e Daniel Comboni, bem como a Irmã Anuarite Nengapeta e o catequista Isídoro Bakanja, sem esquecer a humilde Josefina Bakhita
(Do discurso de Bento XVI durante o encontro com os membros do conselho especial para a África do sínodo dos bispos na nunciatura apostólica de Yaoundé -19 de marco de 2009)








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