FAMÍLIA É TEMA DO DISCURSO DO PAPA AOS BISPOS DE CEARÁ E PIAUÍ
Castel Gandolfo, 25 set (RV) – Bento XVI recebeu esta manhã em Castel Gandolfo
mais cinco bispos dos Regionais Nordeste 1 e 4 (Ceará e Piauí) da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), que concluem amanhã sua visita "ad Limina Apostolorum".
O
papa recebeu o bispo de Floriano, Dom Augusto Alves da Rocha, o bispo de Oeiras, Dom
Juarez Scusa da Silva,o bispo de Parnaíba, Dom Alfredo Schaffler, o bispo de Picos,
Dom Plínio José Luz da Silva, e o bispo de São Raimundo Nonato, Dom Pedro Brito Guimarães.
Depois
das audiências particulares, Bento XVI recebeu 18 prelados de Ceará e Piauí, para
o discurso final – discurso centralizado na questão da família.
Após agradecer
a saudação do arcebispo de Fortaleza, Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, o papa
falou de um dos maiores desafios que os bispos da região devem enfrentar: o assédio
à família, "com a vida saindo derrotada em numerosas batalhas":
"Há forças
e vozes na sociedade atual que parecem apostadas em demolir o berço natural da vida
humana" – disse o papa, acrescentando, todavia, que é alentador perceber que o povo
dos Regionais Nordeste 1 e 4 continua aberto ao Evangelho da Vida.
Analisando
a origem do homem, em que o ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus, o papa
afirma que "a geração é a continuação da criação", fazendo votos de que em cada lar
o pai e a mãe continuem unidos a ser a bênção de Deus na própria família.
A
Igreja – recordou – não se cansa de ensinar que a família tem o seu fundamento no
matrimônio e no plano de Deus. Mesmo assim, a consciência difusa no mundo secularizado
vive na incerteza mais profunda deste ensinamento, especialmente desde que as sociedades
ocidentais legalizaram o divórcio. "O único fundamento reconhecido parece ser o sentimento
ou a subjetividade individual que se exprime na vontade de conviver" – observou.
O
número de matrimônios diminui, e aumentam as uniões de fato e os divórcios. Nessa
situação, consuma-se o drama de tantas crianças, que são privadas do apoio dos pais.
O papa criticou ainda a chamada "família alargada e móvel", que multiplica os pais
e as mães, e faz com que hoje a maioria dos que se sentem "órfãos" não sejam filhos
sem pais, mas filhos que os têm em excesso.
A Igreja não pode ficar indiferente
diante da separação dos cônjuges e do divórcio, acrescentou, pois os filhos precisam
de referências extremamente precisas e concretas. A solução para isso é regressar
à solidez da família cristã, "lugar de confiança mútua, de dom recíproco, de respeito
da liberdade e de educação para a vida social".
A seguir, o papa reitera que
com toda a compreensão que a Igreja possa sentir face a tais situações, não existem
casais de segunda união. A segunda união é irregular e perigosa, advertiu o pontífice.
Para
ajudar as famílias, é preciso propor as virtudes da Sagrada Família: a oração, a laboriosidade
e o silêncio. "Desse modo, encorajo os vossos sacerdotes e os centros pastorais das
vossas dioceses a acompanhar as famílias, para que não sejam iludidas e seduzidas
por certos estilos de vida relativistas, que as produções cinematográficas e televisivas
e outros meios de informação promovem."
Bento XVI disse confiar no testemunho
daquelas famílias que sabem perdoar uma ofensa, acolher um filho que sofre, e iluminar
a vida do outro, mesmo fraco ou diminuído. "É a partir de tais famílias que se há
de restabelecer o tecido da sociedade" – conclui. (BF)