Brasília, 25 set (RV) - O Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB (Consep) divulgou
ontem, ao final de sua reunião, uma nota manifestando "apreensão" com a aprovação
do projeto que libera bingos e outros jogos de azar e com a discussão do projeto do
chamado "divórcio instantâneo".
"A legalização dos bingos eletrônicos e outros
jogos de azar possibilita o retorno a um mal já superado, colocando em risco a segurança
e o bem-estar das famílias, submetendo à exploração tantas pessoas, tornando-as dependentes",
afirma a nota. Segundo a CNBB, esta prática abre "um novo campo para a prática de
diversos crimes", entre os quais a lavagem de dinheiro.
Em relação à proposta
que pretende suprimir o requisito de prévia separação judicial por mais de um ano
ou de comprovada separação por mais de dois anos, significa a "banalização do instituto
do matrimônio". Segundo os bispos, a nova lei "acentua a gravidade de uma legislação
em si lamentável".
Para a CNBB, se efetivadas, estas duas propostas legislativas
"trarão sérias consequências para a sociedade brasileira".
Leia a íntegra da
nota
“Nós vos exortamos, no Senhor Jesus, que progridais sempre no modo de
proceder para agradar a Deus” (1Ts 4,1ª).
Os bispos do Conselho Episcopal de
Pastoral, reunidos em Brasília, preocupados com a preservação dos valores éticos e
morais em nosso país, sem os quais não apenas as famílias, mas o próprio Estado se
fragilizam, manifestam sua apreensão diante da aprovação em instâncias diversas da
Câmara dos Deputados de duas propostas legislativas que, efetivadas, trarão sérias
conseqüências para a sociedade brasileira.
A legalização dos bingos eletrônicos
e outros jogos de azar possibilita o retorno a um mal já superado, colocando em risco
a segurança e o bem estar das famílias, submetendo à exploração tantas pessoas, tornando-as
dependentes. Mais grave ainda, como foi acentuado durante as discussões no Parlamento,
abre-se um novo campo para a prática de diversos crimes, entre estes a lavagem de
dinheiro. A alegação de que a abertura de casas de jogos possibilitaria a criação
de cerca de 300.000 empregos não legitima a prática nociva desses jogos. Nos últimos
anos, tem crescido a oferta de postos de trabalho no país, sem opções que promovam
a degradação moral, como bingos eletrônicos e jogos de azar.
De outra parte,
a alteração do parágrafo 6º do artigo 226 da Constituição Federal, que possibilita
a dissolução do casamento pelo divórcio “após prévia separação judicial por mais de
um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois
anos”, acentua a gravidade de uma legislação em si lamentável. O tempo previsto pela
Constituição, na forma atual, pelo menos possibilita aos cônjuges em dificuldade um
tempo maior para reflexão sobre as conseqüências da separação para eles próprios,
seus filhos e a sociedade. A proposta da separação de forma apressada, sem que seja
dado tempo para essa reflexão e a ajuda de amigos, familiares e orientadores em defesa
do vínculo que os une, significa a banalização do instituto do matrimônio, com graves
e dolorosas conseqüências para toda a sociedade. Como essas duas proposições
ainda dependem de novos passos no processo legislativo, os bispos exortam os representantes
do povo a uma profunda reflexão sobre as mesmas, ao tempo em que manifestam seu apoio
aos parlamentares que vêm se empenhando contra elas. Pedem, ainda, a todas as pessoas
de boa vontade, particularmente às lideranças cristãs, que manifestem a seus representantes
parlamentares seu desacordo, solicitando-lhes explícito posicionamento contrário.