PAPA AO NORDESTE 2: EVITAR SECULARIZAÇÃO DOS SACERDOTES E CLERICALIZAÇÃO DOS LEIGOS
Castel Gandolfo, 17 set (RV) – O Papa Bento XVI recebeu hoje em audiência,
na residência apostólica de Castel Gandolfo, 22 bispos do Regional Nordeste 2 da CNBB,
que compreendem as províncias eclesiásticas de Olinda e Recife, Paraíba, Maceió e
Natal, que concluem amanhã sua visita ad Limina.
O discurso de Bento XVI foi
centralizado no papel específico dos sacerdotes e dos leigos na comunidade eclesial.
O papa recordou que a Igreja é organicamente estruturada como Corpo de Cristo; portanto,
os membros não têm todos a mesma função: "É isto que constitui a beleza e a vida do
corpo".
Nessa perspectiva, afirmou o pontífice, é necessário evitar a secularização
dos sacerdotes e a clericalização dos leigos, explicando a função específica de cada
um:
"Os fiéis leigos devem empenhar-se em exprimir na realidade, inclusive
através do empenho político, a visão antropológica cristã e a doutrina social da Igreja.
Diversamente, os sacerdotes devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na
política, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis e, assim,
poderem ser uma referência para todos".
Para o papa,
a relação entre sacerdócio comum e ministerial constitui atualmente um dos pontos
mais delicados do ser e da vida da Igreja. A falta de presbíteros, afirmou, não justifica
uma participação mais ativa e numerosa dos leigos. "Na realidade, quanto mais os fiéis
se tornam conscientes das suas responsabilidades na Igreja, tanto mais sobressaem
a identidade específica e o papel insubstituível do sacerdote como pastor do conjunto
da comunidade, como testemunha da autenticidade da fé e dispensador, em nome de Cristo-Cabeça,
dos mistérios da salvação."
Assim, acrescentou Bento XVI, a função do presbítero
é essencial e insubstituível para o anúncio da Palavra e a celebração dos Sacramentos,
sobretudo da Eucaristia: "Por isso, urge pedir ao Senhor que envie operários à sua
Messe; além disso, é preciso que os sacerdotes manifestem a alegria da fidelidade
à própria identidade com o entusiasmo da missão".
O papa disse aos bispos que
a carência de presbíteros não pode ser considerada normal ou típica do futuro, mas
eles devem se esforçar para despertar novas vocações sacerdotais e encontrar os pastores
indispensáveis às dioceses. Àqueles já ordenados, devem viver com coerência e em plenitude
a graça e os compromissos do batismo.
Mais uma vez, neste período em que a
Igreja celebra o Ano Sacerdotal, Bento XVI propôs o Santo Cura d'Ars e Frei Galvão
como modelos para os presbíteros, pois ambos procuraram imitar Jesus Cristo, fazendo-se
não só sacerdote, mas também vítima e oblação como Jesus.
E concluiu: "Que
a bem-aventurada Virgem Maria interceda por todo o povo de Deus no Brasil, para que
pastores e fiéis possam, com coragem e alegria, 'anunciar abertamente o mistério do
Evangelho'". (BF)