BISPOS DA NIGÉRIA: CULTURA DA VIOLÊNCIA PREVALECE NO PAÍS
Abuja, 16 set (RV) - "Uma cultura da violência prevalece na nossa nação": esta
é a denúncia feita pelos bispos da Nigéria, no comunicado final da segunda reunião
plenária, realizada em Kafanchan.
A situação social e política do país com
a mais vasta população no continente africano foi o núcleo das conferências dos prelados,
os quais destacaram a necessidade de que o Governo garanta a proteção da população,
em especial das minorias religiosas.
Os bispos se concentraram em duas regiões:
o norte, onde atuam grupos fundamentalistas religiosos, e o Delta do Níger, palco
de um longo conflito social ligado à exploração dos recursos naturais da região.
Eles
se referiram em especial aos confrontos entre os policiais e milícias islâmicas pertencentes
à seita Boko Haram (conhecidos como "talibãs"), que causaram um alto número de mortos:
"Deploramos profundamente e condenamos a perda de vidas humanas e de bens causada
pela seita" – recordando que a Constituição garante a liberdade de religião de todo
cidadão.
"Deus não deu a ninguém o direito de matar em seu nome nem autorizou
alguém a violar a dignidade de outros seres humanos" – acrescentaram. Aos políticos
do país, os bispos nigerianos recordaram que cabe a eles proteger a população: "Não
existe democracia se o Governo não pode proteger a vida e as propriedades dos cidadãos".
Ainda na Nigéria, o Fórum dos representantes cristãos do Delta do Níger (NDCLF)
escreveu uma carta aberta ao chefe de Estado, Umaru Yar’Adua, com uma série de propostas
para acabar com a violência na região.
Publicada pelo jornal nigeriano “The
Vanguard”, a carta é assinada, entre outros, pelos responsáveis pelas Igrejas Católica,
Anglicana e Metodista. O tema central: a gestão dos recursos petrolíferos.
Desde
2006, o Delta do Níger, maior fornecedor de barris do país, é devastado por ataques
do Movimento de Emancipação (MEND), que se opõe à instalação de plataformas petrolíferas
e pedem a distribuição do lucro proveniente das extrações. (BF)