Cidade do Vaticano, 14 set (RV) "O crux ave, spes unica. Hoc passionis tempore.
Piis ad auge gratiam. Veniam dona reisque."
"Salve a cruz, nossa única esperança.
Neste tempo de sofrimento concede graça e misericórdia aqueles que aguardam julgamento."
A
condenação à morte pelo suplício da cruz era uma morte ignominiosa, reservada para
os ladrões e assassinos. Segundo nos relata Cícero, os romanos tinham duas maneiras
de eliminar os criminosos: uma nobre, a decapitação, e outra ignominiosa, que era
a morte pela cruz. Portanto, Cristo morreu pela maneira mais cruel, a morte pela cruz.
No
suplício da cruz o condenado, ao ser pregado na cruz, chegava ao máximo da dor, uma
vez que ao ter suas mãos pregadas na cruz, cada prego lhe dava uma descarga nos nervos,
que fazia com que o condenado gritasse de dor. Na cruz o condenado perdia muito sangue
e, em geral morria de asfixia, após muitas horas de sofrimento e, se continuava vivo,
suas pernas eram quebradas e, neste caso, a morte era instantânea por asfixia. Com
efeito, na cruz, a respiração é lenta e mais curta, pois o ar penetra os pulmões,
mas não consegue fluir e o condenado tem sede de ar, semelhantemente ao asmático em
plena crise.
Bem, estamos rememorando esses fatos, para lhes dizer como foi
cruel e dolorosa a morte de Jesus na Cruz. Entretanto, segundo os Evangelhos, Cristo
ressuscitou e a cruz vazia passou a indicar para o cristão uma fonte de salvação e
de ressurreição.
Diz a história que, no dia 27 de outubro do ano 312 depois
de Cristo, dois exércitos se defrontam às portas de Roma. O primeiro sai dos Muros
Aurelianos para posicionar-se ao longo das margens do Tibre, junto à Ponte Milvio,
comandado por Marcos Aurélio Valério Massêncio. O segundo, que desceu de Trier (na
Alemanha) rumo a Roma, se coloca ao longo da via Flaminia, guiado por Flávio Valério
Constantino. Os dois contendores lutam pelo título de Augusto do Ocidente, um dos
quatro cargos supremos, na Tetrarquia, o novo sistema de governo do Império, ideado
por Diocleciano.
O sol começa a se por quando as tropas de Constantino vêem
repentinamente surgir no céu um grande sinal luminoso, com uma frase chamejante: "In
hoc signo vinces" "Com este sinal vencerás".
Eusébio de Cesareia, o primeiro
grande historiador da Igreja recorda o acontecimento com estas palavras: "Um sinal
extraordinário aparece no céu. (...) Quando o sol começava a declinar, Constantino
vê com os próprios olhos, no céu, mais acima do sol, o troféu de uma cruz de luz sobre
a qual estavam traçadas as palavras IN HOC SIGNO VINCES. Foi tomado por um grande
estupor e, com ele, todo seu exército".
Com efeito, Constantino venceu e deu
total liberdade aos cristãos, até então perseguidos pelo Império Romano. Com este
fato histórico, a Cruz de Cristo, antes venerada com respeito, passou a ser símbolo
de vitória, pois do lenho da cruz partiu a salvação do mundo. Daí, na exaltação da
Santa Cruz e na Sexta Feira da Paixão cantar a Igreja, ao apresentar a cruz para que
os fieis prestem adoração ao Cristo crucificado e morto: "Eis o lenho da cruz, do
qual pendeu a salvação do mundo."
A cruz para o cristão, portanto não é símbolo
de morte, mas de vida. Ela é nossa única esperança. A cruz está sempre presente na
vida da Igreja, quer na celebração da Eucaristia, que no Batismo e demais sacramentos.
O sinal da cruz é o indicativo de que a pessoa é cristã e nós o usamos sempre no início
da Missa, com esse sinal nós somos abençoados e abençoamos em nome do PAI, do FILHO
e do ESPÍRITO SANTO. Portanto, exaltar a cruz é exaltar a morte de Cristo e proclamar
que Ele está vivo e por seu sacrifício na Cruz nos obteve a salvação.
Bendita
e louvada seja a cruz bendita do Senhor, símbolo de vida e de ressurreição.