Cidade do Vaticano, 12 set (RV) - O mundo recordou ontem os ataques terroristas
contra as Torres Gêmeas de Nova Iorque e contra o Pentágono, em Washington. Pela primeira
vez a recordação ocorreu sob o período presidencial de Barack Obama. Os acontecimentos
trágicos daquela manhã de oito anos atrás levaram os norte-americanos a criar um notável
espírito de unidade.
A tônica das comemorações deste ano foi a separação com
a era de Bush, uma diferença que se vê com a erradicação da expressão “Guerra global
ao terrorismo” do léxico oficial da Casa Branca. A inflamada retórica de 8 anos atrás
deu vida nos EUA e em várias partes do mundo a um sentimento negativo em relação ao
mundo muçulmano.
Ontem numa estranha coincidência o 11 de setembro caiu numa
sexta-feira do mês do Ramadã, que para os muçulmanos se conclui com o rito do Id al
Fitr, o jantar com o qual a família, no pôr-do-sol, interrompe o jejum. Já para os
judeus, a noite da sexta-feira é a ocasião em que famílias se reúnem no jantar para
entrar juntos no shabbat, o dia sagrado para os judeus.
Neste contexto o Pontifício
Conselho para o Diálogo Inter-religioso divulgou também ontem a tradicional mensagem
para o fim do Ramadã com o tema: "Cristãos e muçulmanos: juntos para vencer a pobreza".
Uma mensagem que com o passar dos anos tornou-se um encontro, uma ocasião para o diálogo
em muitos países entre numerosos cristãos e muçulmanos.
Naturalmente o horror
do 11 de setembro de 2001 ainda está vivo na memória do mundo inteiro, mas mensagens
como a do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter religioso evidenciam que para aquele
abismo que se tentou criar 8 anos atrás existem pontes, e pontes de diálogo como o
evento que ocorreu no início desta semana na cidade polonesa de Cracóvia com o Encontro
Internacional da Comunidade de Santo Egídio. As religiões não desejam a guerra
e não desejam ser usadas para a guerra. Falar de guerra em nome de Deus é uma blasfêmia.
Nenhuma guerra jamais é santa. “A humanidade sempre sai derrotada pela violência e
pelo terror”, afirmaram os participantes. A ponte do diálogo liberta do medo e da
desconfiança: é a grande alternativa à guerra. Não enfraquece a identidade de ninguém
e faz redescobrir o melhor de si e do outro. Nada se perde com o diálogo. Silvonei
José Protz (SP),