VENCER A POBREZA: MENSAGEM DA SANTA SÉ AOS MUÇULMANOS
Cidade do Vaticano, 11 set (RV) – O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter
religioso divulgou hoje a tradicional mensagem para o fim do Ramadã (Id al Fitr).
Assinada pelo presidente e secretário do organismo, respectivamente Card. Jean-Louis
Tauran e o Arcebispo Pier Luigi Celata, o tema deste ano é: "Cristãos e muçulmanos:
juntos para vencer a pobreza".
"Devemos nos alegrar porque, no decorrer dos
anos, esta Mensagem se tornou não apenas um costume, mas um encontro esperado. Em
muitos países, tem sido uma ocasião de encontro amistoso entre numerosos cristãos
e muçulmanos" – destaca o texto.
Sobre o tema, a mensagem afirma que a pobreza
humilha e gera sofrimentos intoleráveis, e analisa a ligação que existe entre pobreza
e violência em nome da religião: "Muitas vezes, os sofrimentos estão na origem de
isolamento, de ira e mesmo de ódio e desejo de vingança. Isto poderia levar a ações
de hostilidade com todos os meios disponíveis, procurando também justificá-las com
considerações de índole religiosa".
Por isso, rejeitar os fenômenos de extremismo
e de violência exige necessariamente a luta contra a pobreza, através da promoção
de um desenvolvimento integral. Citando Bento XVI, a mensagem destaca a necessidade
de uma "nova síntese humanista" e a distinção entre dois tipos de pobreza: uma pobreza
a combater e uma pobreza a abraçar.
"A pobreza a combater está ao alcance dos
olhos de todos: a fome, a falta de água potável, a escassez de cuidados médicos e
de habitação adequada, a carência de sistemas educativos e culturais, o analfabetismo"
– refere o texto, sem esquecer a existência de novas formas de pobreza, como marginalização,
pobreza relacional, moral e espiritual.
A pobreza que se deve abraçar é a que
convida a adotar um estilo de vida simples e essencial, que evita o desperdício, que
respeita o meio ambiente e todos os bens da Criação.
"Um olhar atento sobre
o complexo fenômeno da pobreza nos conduz fundamentalmente a ver a origem na falta
de respeito da dignidade inata da pessoa humana e nos chama a uma solidariedade global"
– acrescenta o texto, que conclui: "O pobre nos interpela, nos desafia, mas, sobretudo,
nos convida a colaborar numa causa nobre: vencer a sua pobreza!". (BF)