Islamabad, 11 set (RV) – “Já faz algum tempo recebo telefonemas de extremistas
islâmicos, que ameaçam a minha vida, mas isso não impedirá de continuar o meu trabalho
pelas minorias do país”: foi o que disse à agência AsiaNews, Shahbaz Bhatti,
Ministro federal para as minorias, renovando o seu compromisso em favor dos direitos
humanos no Paquistão. Recentemente Shahbaz Bhatti, de fé católica, foi ameaçado porque
pediu justiça para as vítimas de Gojra e por ter defendido no Parlamento a abolição
da controvertida lei sobre a blasfêmia.
No último dia 30 de julho milhares
de fundamentalistas islâmicos invadiram o vilarejo de Koriyan, queimando 51 casas
de cristãos. No dia 1º de agosto, pelo menos 3 mil extremistas agrediram a comunidade
cristã de Gojra, queimando vivas 8 pessoas e incendiando mais de 100 habitações.
O
ministro, que é também presidente da All Pakistan Minorities Alliance (Apma),
explica que o governo foi informado sobre as ameaças dos fundamentalistas. “Eles desejam
nos atingir porque trabalhamos para assegurar proteção e justiça às vítimas de Gojra
e pela luta no parlamento em prol da abolição de todas as leis discriminatórias no
país”.
Bhatti diz que “não tem medo desses atos covardes” e confirma a sua
intenção de continuar a sua missão, ou seja, lutar pela igualdade de direitos para
as minorias e que as mesmas tenham um lugar de respeito na sociedade.
Nas semanas
passadas a Comissão Nacional de Justiça e Paz, um organismo da Igreja Católica paquistanesa,
deu início à coleta de assinaturas para pedir a abolição da lei sobre a blasfêmia
do Código Penal do país. Recordando as violências contra as minorias religiosas no
Kasur, em Gojra e em outras regiões do Paquistão, a campanha visa cancelar imediatamente
tal normativa.
Segundo dados fornecidos pela Comissão Nacional de Justiça e
Paz, que vão de 1986 a agosto de 2009, pelo menos 964 pessoas foram incriminadas por
terem profanado o Alcorão. Dessas, 479 são muçulmanos, 119 cristãos, 340 ahmadi, 14
hindus e 10 se desconhece a fé. Até hoje são 32 os homicídios extrajudiciais, perpetrados
por extremistas, que muitas vezes ficaram impunes. (SP)