O que mais nos interessa é que o Evangelho de Jesus Cristo seja conhecido e compreendido
através da palavra e do testemunho da Igreja; não somos propagandistas políticos,
defensores de interesses particulares. P. Federico Lombardi aos profissionais da informação
portugueses, num encontro em Fátima
(11/9/2009) “Não ter uma visão demasiado centralista da Igreja: equilibrar a universalidade
com a capacidade criativa local… Somos, em primeiro lugar, crentes e cristãos; não
somos propagandistas políticos, defensores de interesses particulares. O que mais
nos interessa é que o Evangelho de Jesus Cristo seja conhecido e compreendido através
da palavra e do testemunho da Igreja. Os recados do P. Federico Lombardi aos profissionais
da informação portugueses O director da Sala de imprensa da Santa Sé, Pe. Federico
Lombardi, disse em Fátima, nas Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais que “os
media podem ser traiçoeiros: criam facilmente os seus protagonistas e depois desembaraçam-se
deles em pouco tempo, ou tornam-nos prisioneiros do tipo de imagem que produziram
deles”. A decorrer em Fátima, onde se encerram nesta sexta feira, as Jornadas Nacionais
das Comunicações Sociais têm como tema "Gabinetes de Imprensa: luxo ou necessidade?".
O porta-voz da Santa Sé falou sobre o lugar dos Gabinetes de imprensa nas estruturas
da Igreja, a partir da sua experiência ao serviço de Bento XVI. Na sua prelecção sublinhou
que “nós não somos propagandistas políticos, defensores de interesses particulares,
ou simples profissionais do jornalismo. Somos, em primeiro lugar, crentes e cristãos.
O que mais nos interessa é que o Evangelho de Jesus Cristo seja conhecido e compreendido
através da palavra e do testemunho da Igreja. Se isso não acontece, perdemos tempo”. O
Pe. Federico Lombardi dividiu a sua conferência em dez proposições. Em relação ao
Magistério da Igreja sobre os instrumentos de comunicação social realça que este “foi
sempre positivo, desde o seu início; embora prudente e realista quanto às possíveis
ambiguidades e aos riscos, encarou-os sempre como instrumentos úteis para o anúncio
do Evangelho em âmbitos muito vastos, superiores àqueles que cada um de nós pode alcançar
através do contacto directo com as pessoas”. Na proposição sobre as características
que este serviço deve ter, o Pe. Federico Lombardi salienta que “nunca devemos deixar
de insistir no uso de uma linguagem clara, simples e compreensível, não demasiado
abstracta e complicada, ou técnica”. A rapidez da informação é outro alerta deixado
pelo porta-voz do Vaticano “é oportuno estar disponíveis e responder – pessoalmente
ou através de uma pessoa delegada – quando nos procuram pelo telefone ou por e-mail.”
E completa: “quanto mais cedo se der a resposta ou a informação correcta, melhor.
Em geral, se formos capazes, é melhor sermos nós a orientar a informação, dando-a
nós primeiro, do que correr atrás de uma informação incorrecta”. O responsável
por um Gabinete de comunicações sociais é “um animador e promotor de comunicação,
alguém que ajuda a estar atentos e a compreender a mudança da cultura e das tecnologias
de comunicação para que o Evangelho possa chegar de modo novo às pessoas do nosso
tempo” – frisou o porta-voz da Santa Sé. E acentua: Devemos também aproximar a instituição,
ou a pessoa, que representamos do mundo da comunicação social, ajudá-las a exprimir-se
de modo adequado, a fazer passar as suas mensagens através dos instrumentos apropriadas. Perante
esta realidade, o Pe. Federico Lombardi sublinha que o ideal é que sejamos nós a «conduzir
o jogo» da comunicação, criando as ocasiões propícias e lançando as mensagens que
temos a peito, e não nos tornarmos nós objecto do jogo dos media”. Frequentemente,
no serviço da instituição - gabinetes de imprensa - é “importante saber cultivar a
virtude da discrição”, para dizer as coisas quando devem ser ditas, resistindo à tentação
de as antecipar. E observa: “se houver coisas realmente confidenciais, que, por bons
motivos, não devem ser postas em público, não se devem revelar, no limite, nem sequer
aos amigos”. No mundo actual, “a discrição não existe ou não é considerada um valor,
e não nos podemos queixar se circularem notícias que fomos nós próprios a dar”. Quem
trabalha num Gabinete para as comunicações sociais “não tem de imediato, e em primeiro
lugar, uma tarefa de comunicação destinada a um vasto público, mas um dever de comunicação
para comunicadores sociais, que, por sua vez – por etapas sucessivas – atingem o público
mais vasto”. A sua vasta experiência nesta área indica que “não devemos partir
do pressuposto que os jornalistas são insidiosos ou mal intencionados”. “Devemos ter
consciência de que há jornalistas de todas as tendências e atitudes e que temos de
procurar dar a cada um uma ajuda para ele dar um passo na direcção certa: da nossa
parte, pô-los em condições de poderem fazer uma boa informação, se estiverem dispostos
a isso”. Para que a credibilidade seja um ponto deste trabalho, o porta-voz do Vaticano
deixa um alerta: “dar a todos o mesmo texto, ao mesmo tempo, manifestando para com
todos eles o mesmo respeito pelo seu trabalho”. Na última tese do seu discurso,
o director da Sala de imprensa da Santa Sé realça que o tempo actual abre muitas possibilidades
à comunicação eclesial. “Não devemos ter uma visão demasiado centralista da Igreja:
devemos equilibrar a universalidade com a capacidade criativa local. Devemos ser capazes
de encorajar as iniciativas locais, saber fazer circular as experiências positivas
e partilhá-las, procurar coordenar e integrar as contribuições para a comunicação
dos diferentes níveis, mas valorizando as contribuições informativas e comunicativas
que a Igreja universal nos oferece”.