Para a Caritas Internacional é um "imperativo moral acabar com a corrupção»
(10/9/2009) Países ricos e Estados mais pobres, todos têm o dever de acabar com a
corrupção. Este foi o apelo lançado pela Cáritas Internacionalis a 50 líderes religiosos
e directores de diversas agências humanitárias numa carta enviada ao secretário geral
das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pedindo a multiplicação de esforços contra esta praga. A
carta frisa que a corrupção tira a “oportunidade e a esperança”, sendo a maior causa
de pobreza nos países em vias de desenvolvimento. Por isso, acabar com a corrupção
é “um imperativo moral” para remover uma “barreira intransponível” que impede, sobretudo
a população mais pobre, de aceder a uma formação de qualidade e ter assistência sanitária. A
corrupção é um obstáculo ao “desenvolvimento das condições de uma vida digna e constituiu
um problema para muitas pessoas que lidam com o drama da pobreza”, aponta a missiva.
Esta prática “alimenta a injustiça e é uma ameaça ao desenvolvimento económico e sustentável”. A
dispersão de fundos públicos, a perda do investimento e a redução das receitas geradas
pelos impostos afectam principalmente os pobres. “A transparência e a participação
da sociedade civil” são fundamentais para “criar um consistente e credível processo
de revisão”. Uma mudança fundamentada nestes princípios, aponta o documento, será
um “claro sinal” dado a todos quantos têm responsabilidades políticas “de por um fim
ao flagelo da corrupção”. “A honestidade e integridade são valores morais” que
estão subjacentes a qualquer tentativa de lidar com práticas corruptas. O empenho
da sociedade civil e dos grupos religiosos é um importante contributo para a promoção
de uma mudança e para a implementação da Convenção da ONU contra a corrupção, o primeiro
tratado global para harmonizar os esforços globais contra o fenómeno, lembra a Cáritas. A
importância desta Convenção, assinada em 2003, foi recordada também na carta, enviada
em Agosto passado pela Cáritas Internacionalis à União Europeia. “A corrupção e a
pobreza reforçam-se mutuamente”, dizia a missiva, recordando a “necessária intervenção
para reduzir a corrupção a nível nacional e internacional”.