Lahore, 09 set (RV) – No Paquistão, passado mais de um mês das violências anticristãs
em Gojra e Koriyan, no Punjab, a comunidade local continua aguardando justiça enquanto
é ainda vítima de ameaças de líderes muçulmanos locais, que fomentam o ódio interconfessional
e fazem falsas acusações contra os sacerdotes.
A polícia paquistanesa denunciou
os cristãos, muitos dos quais obrigados a viver em barracas porque suas casas foram
queimadas; a administração local interrompeu a distribuição das indenizações; extremistas
islâmicos pedem a libertação sem processo dos culpados do massacre e usam a lei da
blasfêmia para realizar novos ataques às minorias religiosas do país.
No último
dia 30 de julho milhares de fundamentalistas islâmicos atacaram o vilarejo de Koriyan,
queimando 51 casas cristãs. No dia 1º de agosto, pelo menos 3 mil extremistas agrediram
a comunidade cristã de Gojra, queimando vivas oito pessoas (entre as quais duas crianças
e 3 mulheres) ferindo outras 19 e incendiando mais de cem casas.
A desencadear
a ira dos fundamentalistas, a acusação contra dois cristãos do vilarejo de terem profanado
o Alcorão. Eles pediam que os dois fossem condenados à morte.
A Muslim Mahaz
Tanzeem for Peace, associação islâmica com sede em Gojra, acusa Padre Shabir Bashir,
Padre Khalid Rashid, Padre Aftab James Paul e Samuel Qumer de terem fornecido as armas
ao jovens cristãos, que teriam atirado contra os muçulmanos dando início às violências.
A
associação pede que os 4 cristãos – vistos como culpados – sejam presos; caso contrário
a administração local será responsável por uma nova e possível onda de violência.
Nos dias passados o responsável pelo distrito administrativo de Punjab dispôs
a suspensão das indenizações para as vítimas das violências, aprovadas precedentemente
pelo governo local. É o que refere a emissora paquistanesa Royal Tv Channel, segundo
a qual a decisão desencadeou os protestos dos cristãos.
Ao mesmo tempo os líderes
muçulmanos de Gojra convocaram a população, pedindo manifestações de rua por causa
da libertação dos culpados das violências sem que sejam processados. O clima de ódio
e de tensão contribuiu para alimentar uma sensação de miséria, impotência e de desconfiança
entre os cristãos, que pedem a proteção da polícia e ações decisivas por parte do
governo. (SP)