A Igreja em Portugal não dá orientação de voto, mas pede que se vote em consciência
A Igreja não dá orientação de votos eleitorais mas pede aos cristãos que reflictam
nos seus valores e na sua consciência cristã e votem em consonância. Este o apelo
deixado pelo porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, Padre Manuel Morujão,
no final da reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP),
esta Terça-feira, em Fátima. A CEP recorda a nota pastoral publicada em Abril,
«O direito e o dever de votar». O Padre Morujão frisa ser um dever votar nas eleições
mas aponta a necessidade de “se votar segundo a consciência. Concretamente para cristãos,
segundo a sua consciência cristã”. “Seria uma contradição acreditar em valores familiares,
matrimoniais, da moral, da ética, na economia, e na urna votar contrariamente à própria
consciência”.
Em fase de pré-campanha eleitoral para as legislativas marcadas
para o dia 27 de Setembro, os partidos políticos apresentaram já os programas que
levarão a sufrágio. O porta-voz da CEP indica que os eleitores, “olhando para os programas
podem perceber em quem votar”. “Não se trata de votar na direita, na esquerda ou ao
centro, mas de votar segundo um programa e os seus correspondentes valores, sendo
coerente até ao fim”. Sem avaliar a evolução do debate eleitoral, Padre Manuel
Morujão sublinha ser importante a “consciência cristã, mesmo de qualquer cidadão de
boa vontade, perceber se os mais desprotegidos são privilegiados, se os valores éticos,
nomeadamente a defesa do casamento e da família, são defendidos nos debates”.
Na
agenda do Conselho Permanente esteve ainda a preparação da Assembleia Plenária da
CEP, agendada os dias 9 a 12 de Novembro. Em causa, na Assembleia, estará a análise
da pastoral da Igreja em Portugal. O porta-voz adianta que os bispos vão repensar
a pastoral de forma a torná-la “mais organizada e unificada”. “Há um conjunto de delegados
diocesanos, enviados pelos bispos, que irão aprofundar um texto base já existente,
que irá conduzir a algumas decisões”, acrescentou. Por sua vez, a Comissão Episcopal
das Missões prepara um documento sobre a “dimensão missionária da Igreja, que é essencial.
Se a Igreja não vive de portas abertas para o mundo não vive a Igreja de Cristo”.
Esta nota pastoral deverá ser publicada no final da Assembleia Plenária. A CEP
prepara ainda um texto sobre “o compromisso dos leigos na vida da Igreja e do mundo”.
Decorre o 75º aniversário da Acção Católica e a Igreja quer “sem saudosismos ou exaltação
de glórias do passado, que os cristãos leigos sintam verdadeiramente o seu lugar na
Igreja e no mundo”.