Evitar a secularização e formar bem os novos padres: temas abordados pelo Papa dirigindo-se
a um grupo de bispos brasileiros
(7/9/2009) “Jornadas de partilha fraterna para reflectirmos juntos sobre as questões
que vos preocupam”: foi nestes termos que Bento XVI referiu a visita ad limina que
um primeiro grupo de Bispos brasileiros (Regionais Oeste 1 e 2) agora concluiu com
a audiência papal, em Castelgandolfo. Com grande cordialidade, o Papa evocou a recordação
do encontro que teve, na catedral de São Paulo, quando teve “a possibilidade de abraçar
com o olhar todo o episcopado desta grande nação”. “Só o coração grande de Deus pode
conhecer, guardar e reger a multidão de filhos e filhas que Ele mesmo gerou na vastidão
imensa do Brasil” – observou.
“Como Sucessor de Pedro e Pastor universal,
posso assegurar-vos que o meu coração vive dia a dia as vossas inquietudes e canseiras
apostólicas, não cessando de lembrar junto de Deus os desafios que enfrentais no crescimento
das vossas comunidades diocesanas”.
Detendo-se, neste primeiro encontro com
um grupo da Conferência dos Bispos do Brasil sobre o tema da “geração de novos pastores”,
o Papa observou que, “embora seja Deus o único capaz de semear no coração humano a
chamada para o serviço pastoral do seu povo, todos os membros da Igreja se deveriam
interrogar sobre a urgência” desta causa e “o empenho concreto” com que a vivem.
“Deus
não vê como o homem! A pressa do bom Deus é ditada pelo seu desejo de que «todos os
homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2,4). Há tantos que
parecem querer consumir a vida toda em um minuto, outros que vagueiam no tédio e na
inércia, ou abandonam-se a violências de todo o género. No fundo, não passam de vidas
desesperadas à procura da esperança, como o demonstra uma difusa embora às vezes confusa
exigência de espiritualidade, uma renovada busca de pontos de referência para retomar
a estrada da vida.”
Bento XVI advertiu que, depois do Concílio Vaticano
II, “alguns interpretaram a abertura ao mundo não como uma exigência do ardor missionário
do Coração de Cristo, mas como uma passagem à secularização, vislumbrando nesta alguns
valores de grande densidade cristã como igualdade, liberdade, solidariedade”. Ocorreu
assim, insensivelmente, a “auto-secularização de muitas comunidades eclesiais”, com
a consequência de ver partir, “defraudados e desiludidos”, muitos dos respectivos
membros.
“os nossos contemporâneos, quando vêm ter connosco, querem ver
aquilo que não vêem em parte alguma, ou seja, a alegria e a esperança que brotam do
facto de estarmos com o Senhor ressuscitado”.
Voltando pois ao tema da
formação sacerdotal, Bento XVI observou que “actualmente há uma nova geração já nascida
neste ambiente eclesial secularizado”…
“Neste deserto de Deus, a nova geração
sente uma grande sede de transcendência. / São os jovens desta nova geração que batem
hoje à porta do Seminário e que necessitam encontrar formadores que sejam verdadeiros
homens de Deus, sacerdotes totalmente dedicados à formação, que testemunhem o dom
de si à Igreja, através do celibato e da vida austera, segundo o modelo do Cristo
Bom Pastor. Assim esses jovens aprenderão a ser sensíveis ao encontro com o Senhor,
na participação diária da Eucaristia, amando o silêncio e a oração, procurando, em
primeiro lugar, a glória de Deus e a salvação das almas.”
Na saudação dirigida
ao Papa, no início da audiência, em nome dos bispos presentes, por D. Vitorio Pavanello,
arcebispo de Campo Grande, o prelado referiu nomeadamente o desafio constituído pelas
“seitas evangélicas”, em sua maioria “terrivelmente agressivas”, excluindo qualquer
hipótese de diálogo ecuménico:
O arcebispo referiu também ao Santo Padre
quanto os bispos sofrem “com a política indigenista, sobretudo em Mato Grosso do Sul
onde a maioria dos índios Guaranis e Kadiweus estão sendo sempre mais encurralados
em pequenas áreas, dificultando a expansão, a expressão da sua cultura e da sua própria
sobrevivência”.