BENTO XVI: BUSCAR DEUS COM UMA FÉ AMIGA DA INTELIGÊNCIA
Cidade do Vaticano, 07 set (RV) - Concluiu-se no início da noite de ontem,
domingo, a visita pastoral de Bento XVI a Viterbo e Bagnoregio – na região italiana
do Lácio. De fato, após a visita a Viterbo, o Santo Padre chegou no final da tarde
à localidade de Bagnoregio, terra natal de São Boaventura.
Ali, na antiga catedral
de São Nicolau, se deteve em oração e venerou as relíquias de São Baoventura. Após
a saudação do prefeito e do bispo local, Dom Lorenzo Chiarinelli, o pontífice encontrou,
na Praça Santo Agostinho, os habitantes do lugar, aos quais fez um discurso sobre
São Boaventura.
Ir a Bagnoregio significou para Bento XVI realizar uma viagem
ao próprio passado espiritual e intelectual. De fato, o discurso que dirigiu aos presentes
foi uma afetuosa recordação do franciscano São Boaventura, um dos mestres para a sua
formação teológica.
Incansável na busca de Deus, seráfico cantor da criação,
mensageiro de esperança: foram os traços particulares que o pontífice quis evidenciar
do Santo franciscano.
Citando a tese que o habilitou ao ensino da teologia
– "São Boaventura e a teologia da história" – Bento XVI ressaltou que Boaventura orienta
para a sabedoria – que floresce em santidade – "cada passo de sua especulação e tensão
mística".
Boaventura viveu no ano 1200 uma fé "amiga da inteligência" que se
torna vida nova segundo o projeto de Deus.
O papa – sempre muito interessado
pelo tema do diálogo entre fé e razão – quis mais uma vez convidar a esse modelo os
teólogos e os sacerdotes de hoje:
"São Boaventura traça desse modo um percurso
de fé empenhativo, no qual "não basta a leitura sem a unção, a especulação sem a devoção,
a busca sem a admiração, a consideração sem o júbilo, a indústria sem a piedade, a
ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça divina,
o espelho sem a sabedoria divinamente inspirada"."
"Esse caminho de purificação
envolve toda a pessoa para chegar, através de Cristo, ao amor da Trindade que transforma"
– explicou o pontífice à luz de "O itinerário da mente a Deus", obra fundamental de
Boaventura. A poucos dias do "Dia de Salvaguarda da Criação", Bento XVI voltou a relançar
a necessidade de uma redescoberta da beleza da criação como dom divino:
"Como
seria útil que também hoje se redescobrisse a beleza, o valor da criação, à luz da
bondade e da beleza divinas! Em Cristo o próprio universo, observa Boaventura, pode
voltar a ser voz que fala de Deus e nos impele a explorar a Sua presença; nos exorta
a honrá-lo e glorificá-lo em todas as coisas."
Percebe-se aí o espírito franciscano,
o espírito de "São Francisco, com quem o Santo partilhou o amor por todas as criaturas"
– observou o papa. (RL)