IMPORTANCIA DO (A) CATEQUISTA NA SOCIEDADE HODIERNA
Cidade do Vaticano, 04 set (RV) - Para termos uma vaga idéia da necessidade
do(a) catequista hoje, basta abrirmos os jornais, onde vislumbramos tanta violência,
desrespeito aos direitos mínimos do ser humano, tantos desvios de conduta daqueles
que o povo escolheu para conduzir a sociedade. Vivemos em uma sociedade hedonista,
consumista, injusta, sem qualquer espiritualidade, como se a vida fosse um festim,
iniciada com o nascimento e finda com a morte. Nessa linha de raciocínio, entende-se,
então, ter que “curtir” a vida, porque tudo se acaba, tudo passa com o final da vida.
Com
efeito, o homem “encontra-se, pois, dividido em si mesmo, e, assim toda a vida humana,
quer singular, quer coletiva, apresenta-se como uma luta dramática entre o bem e o
mal, entre a luz e as trevas. Mais: o homem descobre-se incapaz de repelir por si
mesmo as arremetidas do inimigo: cada um sente-se como preso com cadeias. Mas o Senhor
em pessoa veio, para libertar e fortalecer o homem, renovando-o interiormente e lançando
fora o príncipe deste mundo (Jo 12, 31), que o mantinha na servidão do pecado” (in
“Gaudium et Spes”). Ressoa como esperança o grito da alma, sempre em busca de seu
Deus e criador: “Fizeste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração inquieta-se enquanto
não descansa em Ti” (Santo Agostinho in “Confissões”).
Bem, por tudo o que
acima referimos, pode-se vislumbrar a importância do(a) catequista para a sociedade
de hoje, pois ele(a) é o transmissor, ao lado da Igreja hierárquica das verdades transmitida
por Jesus Cristo, única salvação.
Com efeito, toda catequese se faz ao redor
de Cristo Jesus. “É o “Cristocentrismo’ da Catequese, procurado com insistência pelo
Sínodo dos Bispos de 1977 e tão ricamente ilustrado pelo Papa João Paulo II no capítulo
I da ‘Catechesi Tradendae’. ‘Cristocentrismo’ significa não só que Cristo deve aparecer
na Catequese como ‘a chave, o centro e o fim do homem, bem como toda a história humana’
(GS 10), mas que a adesão à sua pessoa e à sua missão, e não só a um núcleo de verdades,
é a referencia central de toda a Catequese” (n. 95 e 96 – Doc. 26 da CNBB – “Catequese
Renovada”).
O (a) catequista é, pois, o leigo engajado na missão de mostrar
ao mundo contemporâneo que Cristo, caminho, verdade e a vida, é a única solução para
que o homem de hoje tenha unidade consigo mesmo e dê um sentido final a sua vida,
muitas vezes palmilhada por sofrimentos e dores.
Com efeito, o (a) catequista
vivendo na sociedade pode, numa linguagem menos clerical, falar ao homem de hoje,
entender seus problemas e indicar-lhe o caminho da paz , da serenidade e da alegria
de viver, tudo isso sem desvio da integridade da mensagem de Cristo e de sua Igreja.
Cristo mesmo, como se vê nos Evangelhos, sempre deu destaque à catequese, tanto assim
que enviou 72 discípulos para levar a boa nova a lugares, onde Ele não tinha estado.
Deu aos enviados a missão de levar a paz, sem outro qualquer objetivo.
“Depois
disto, designou Jesus outros setenta e dois e enviou-os dois a dois, adiante de si,
a toda cidade e lugar onde havia de ir. E lhes disse: ‘A messe é grande e os operários
são poucos; rogai, pois, ao Senhor da messe que mande operários à sua messe. Ide,
envio-vos como cordeiros ao meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem sapatos
e a ninguém saudeis pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes dizei primeiro:
A paz seja com esta casa... Em qualquer cidade onde entrardes e vos receberem, comei
o que vos for servido e curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: O reino de
Deus está perto de vós’” (Lc 10).
Ora, não se pode negar que esses 72 discípulos
foram os primeiros catequistas. E dessa forma, o(a) catequista deve ser, antes de
tudo, um propagador da PAZ, como o Senhor deseja e quer para o mundo de hoje.
Por
isso ao saudar todos os catequistas, particularmente os catequistas da Arquidiocese
de Juiz de Fora, agradeço a Deus pelo ministério que eles tão benignamente exercem
como transmissores da fé. Não posso me descurar, também, de saudar meu querido e saudoso
colega de episcopado em Minas, Dom José Costa Campos, segundo bispo de Divinópolis,
que tendo sido anteriormente bispo de Valença (RJ), foi o grande artífice da Catequese
Renovada no Brasil. Dom Costa Campos abriu caminhos novos que todos nós hoje seguimos,
alentados pelo Documento de Aparecida que nos convida a uma conversão pastoral. Essa
conversão deve, primordialmente, começar da hierarquia eclesiástica, passando por
todos os agentes de pastoral, para se chegar ao povo santo para que, iluminados pelo
Cristo, comprometam-se com o Evangelho e a mensagem de Cristo, transmitindo com afeto
e ardor os tesouros de nossa fé.
A todos (as) os (as) catequistas, a minha
bênção e a minha oração, para que se mantenham firmes na sua missão e que não se descuidem,
jamais, da formação permanente, buscando sempre novos modos para que Jesus seja anunciado,
vivido e testemunhado no mundo que busca a paz e a santidade. Amém!
+ Eurico
dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)