ONU apela aos países para agirem a fim de travar o aquecimento global em curso.
(1/9/2009) Os responsáveis governamentais “não podem continuar a aumentar as emissões
de gases com efeito de estufa, e esperar que um milagre as faça cair 80 por cento
em 2050!”, disse Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental para
as Alterações Climáticas, a cem dias do início da conferência de Copenhaga, que ambiciona
chegar a acordo sobre o sucessor do Protocolo de Quioto. O que é verdade é que
hoje não há nenhum sinal de progresso significativo”, lamentou, numa entrevista telefónica
à AFP, o economista indiano que recebeu o Prémio Nobel da Paz 2007 com o vice-Presidente
norte-americano Al Gore pelo seu papel no combate às alterações climáticas. “É, sem
dúvida, uma decepção”. Este especialista em questões de energia apela aos dirigentes
do planeta para agirem depressa a fim de travar o aquecimento global em curso. Um
olhar mais atento às metas já anunciadas pelos principais países desenvolvidos mostra
que o objectivo de redução das emissões de gases com efeito de estufa – de 25 a 40
por cento até 2020, em relação a 1990 – defendido pelos cientistas parece, neste momento,
estar fora de alcance. A União Europeia comprometeu-se com uma redução de 20 por
cento das suas emissões – 30 por cento em caso de um maior compromisso internacional
– mas as posições norte-americana (cerca de seis por cento de redução) e japonesa
(oito por cento) estão longe dessa meta. “Em relação ao que foi debatido em Bali
(em Dezembro de 2007), é um passo atrás”, denunciou Pachauri. Sobre a conferência
de Copenhaga, em Dezembro, Pachauri alertou contra a tentação de chegar a um acordo
a qualquer preço. “A ausência de acordo é, provavelmente, preferível a um acordo fraco”,
considerou. Sensibilizar os responsáveis políticos para a necessidade de um acordo
em Copenhaga é o objectivo da campanha Novo Acordo da Terra (New Earth Deal), lançada
pelo Conselho da Europa, em Londres. O relator para as alterações climáticas no
Conselho da Europa, o antigo deputado britânico e vice-primeiro-ministro John Prescott,
apelou aos países ricos para aumentarem as suas metas de redução de emissões. “As
alterações climáticas que vivemos por todo o mundo foram causadas pelos países ricos.
Eles devem reconhecer agora o princípio central de que o poluidor paga”. No entanto,
Prescott reconhece que “conseguir um acordo em Copenhaga será dez vezes mais difícil
do que o Protocolo de Quioto”. A campanha defende responsabilidades diferenciadas
e quer colocar no centro do acordo climático a redução da pobreza e justiça social. “O
fracasso não é uma opção em Copenhaga”, concluiu.