Mindanao, 31 ago (RV) – Em Mindanao a situação dos civis continua a preocupar
a comunidade internacional. Segundo o relatório sobre os direitos humanos, publicado
no dia 25 de agosto pela Anistia Internacional, mais de 750 mil pessoas deixaram suas
casas durante os 17 meses de conflito entre o exército e a Frente Islâmica de Libertação
Moro.
O persistir dos conflitos, apesar do cessar-fogo assinado no dia 29
de julho entre o exército e a Frente Islâmica, está ainda atingindo mais de 200 mil
civis. “O nível de alarme para os civis é alto desde agosto do ano passado. Muitos
dos abusos cometidos não são nem mesmo mencionados pelos meios de comunicação nacionais”,
afirma a responsável pela Anistia nas Filipinas, Aurora Parong.
A responsável
da Anistia Internacional critica o Governo central, membro da Comissão para os Direitos
Humanos da ONU, afirmando que o mesmo é responsável pelos abusos cometidos pelo exército.
Aurora Parong – segundo a agência AsiaNews – declara, além do mais, que “a pesquisa
deve ser acessível aos sobreviventes e às testemunhas que, a partir de agora, deverão
ser protegidos de possíveis novos abusos”.
Nesse contexto, Pe. Amado Picardal,
redentorista, perito em diálogo inter-religioso afirma que “cristãos, muçulmanos,
e indígenas Lumad devem ser encorajados a viverem juntos, como vizinhos, amigos e
irmãos, e não como inimigos". Ele afirma que dessa maneira “o campo de batalha, que
já perdura por mais de quatro décadas, poderá se transformar em um campo de arroz
e os carros armados poderão se transformar em tratores”. Pe. Picardal conclui, afirmando
que “toda a população deveria tomar parte no diálogo em Mindanao e fazer sacrifícios
para a realização do processo de paz”.
Entretanto, reuniram-se, nas principais
cidades da região, os membros da “A’immah Pastors Priest Forum", grupo de diálogo
inter-religioso do qual participam representantes de fé islâmica, protestante e católica.
A finalidade é a de preparar “a semana de diálogo para Mindanao”, que se realizará
de 26 de novembro a 2 de dezembro. Esses encontros são fruto do trabalho realizado
pela conferência dos bispos e dos ulemás que, cerca de 20 anos atrás, instituiu o
Grupo Estável de Diálogo de Paz em Mindanao. (SP)