Taipé, 31 ago (RV) - O Dalai Lama, líder religioso e político tibetano, em
visita a Taiwan, afirmou nesta segunda-feira, que o Governo de Taipé deve manter relações
"muito próximas e singulares" com a China, mas também garantir a própria democracia.
Ele rechaçou as acusações de Pequim, de que ele seria partidário do separatismo
político e louvou a liberdade de Taiwan, onde cumpre uma visita de cinco dias, para
consolar os familiares e amigos das vítimas do tufão Morakot, que matou mais de 670
pessoas, e rezar pelas mesmas.
O Governo de Pequim acusa o Dalai Lama Tenzin
Gyatso, prêmio Nobel da Paz, de fazer campanha pela independência do Tibete, e pretendia
que Taipé não o recebesse no país, não obstante as afirmações de que a visita tem
apenas caráter religioso e de solidariedade.
"Não sou um separatista" − disse
o Dalai Lama, diante das câmeras de televisão, por ocasião de sua visita à localidade
de Shiao Lin, onde pelo menos 424 pessoas foram soterradas por um desmoronamento de
terra durante a passagem do tufão Morakot.
"O destino de Taiwan deve ser decidido
por seus 20 milhões de habitantes" − disse o Dalai Lama, defendendo a manutenção de
uma "especial e muito estreita relação com a China, nos setores econômico e da defesa". O
líder religioso afirmou não estar contrariado pelo fato de o Presidente taiwanês,
Ma Ying-jeou, ter-se recusado a encontrá-lo para uma reunião, reiterando que o caráter
de sua visita a Taiwan é "humanitário" e que na agenda da visita não constam "compromissos
políticos".
Um grupo de ex-moradores do povoado de Shiao Lin recebeu o Dalai
Lama usando camisetas com fotografias da cidade antes da passagem do tufão. "Seja
bem-vindo! Estamos felizes por sua visita!" – disse Liu Ming-chuan, de 44 anos.
O
líder budista tibetano foi a figura central de uma cerimônia religiosa voltada a libertar
as almas dos soterrados pelo deslizamento de terras em Shiao Lin e por todos os que
morreram em consequência do tufão.
O Dalai Lama foi acompanhado em sua visita
a Shiao Lin, pelo prefeito independentista do distrito de Kaohsiung, Yang Chiu-hsing,
por monges tibetanos e religiosos budistas.
A China reclama sua soberania
sobre Taiwan desde 1949, quando as forças de Mao Tsé-Tung ganharam a guerra civil
chinesa e os derrotados escaparam para a ilha. Pequim promete recuperar o controle
de Taiwan, mesmo que seja necessário o uso da força. (AF)