MEDIDAS CONTRÁRIAS AO VATICANO II? BOATOS SEM FUNDAMENTO, AFIRMA CARDEAL BERTONE
Cidade do Vaticano, 28 ago (RV) – O cardeal secretário de Estado, Tarcisio
Bertone, o mais próximo colaborador de Bento XVI, desmentiu categoricamente os boatos
divulgados por alguns meios de comunicação, segundo os quais o Santo Padre estaria
para "retroceder" nas diretrizes aprovadas (e aplicadas) pelo Concílio Vaticano II.
Em
entrevista à edição desta quinta-feira, do jornal "L'Osservatore Romano", o purpurado
esclarece uma questão nascida da revelação de supostos documentos, imediatamente desmentidos
pela Santa Sé, que seriam interpretados como um retroceder do papa, no que diz respeito
à aplicação das decisões aprovadas pelo Concílio ecumênico Vaticano II, em particular
no que diz respeito à matéria litúrgica.
"Para compreender as intenções e ações
do pontificado de Bento XVI – afirma o Cardeal Bertone − é preciso, antes de tudo,
fazer uma retrospectiva de sua história pessoal – uma experiência variada, que lhe
permitiu viver a Igreja conciliar como autêntico protagonista. Depois, uma vez eleito
à cátedra de Pedro, é preciso recordar e considerar todos os seus pronunciamentos
e atos."
Todo o restante – assegura o cardeal secretário de Estado – "não passa
de elucubrações e boatos sem fundamento". E esses supostos documentos de retrocesso
"não passam de pura invenção, elaborada segundo um clichê apresentado obstinada e
continuamente".
Na entrevista, o cardeal cita "algumas instâncias do Concílio
Vaticano II que Bento XVI promoveu, constantemente, com inteligência e profundidade
de pensamento". Em particular, "a relação mais compreensiva instaurada com as Igrejas
ortodoxas e orientais, e o diálogo com o Judaísmo e com o Islamismo", que "suscitaram
respostas e aprofundamentos como nunca se registrara, purificando a memória e abrindo-se
às riquezas do outro".
O Cardeal Bertone conclui suas declarações, advertindo
para o erro de se atribuir ao papa todos os problemas da Igreja no mundo e todas as
declarações de seus representantes.
"Uma correta informação − sublinha − exige
que se atribua a cada um (unicuique suum) a própria responsabilidade pelos atos e
palavras, sobretudo quando esses atos e essas palavras contradizem, ostensivamente,
os ensinamentos e exemplos do papa." (AF)