TAIWAN DESAFIA CHINA E AUTORIZA VISITA DO DALAI LAMA
Taipé, 27 ago (RV) - O governo de Taiwan aprovou uma visita do Dalai Lama Tenzin
Gyatso na próxima semana, cujo objetivo será o de levar conforto aos familiares das
vítimas de um violento tufão. A decisão desencadeou a imediata condenação de Pequim,
para quem a presença do líder espiritual budista ameaça "sabotar" a relação entre
os dois governos.
China e Taiwan, separados há mais de 60 anos, têm mantido
uma relativa reaproximação, especialmente em questões comerciais e de investimentos.
"Não
importa sob qual forma ou identidade o Dalai Lama entrará em Taiwan; nós nos opomos
resolutamente a isso" − disse o departamento chinês de relações com Taiwan, em nota
divulgada pela agência oficial Xinhua.
Pequim considera o líder espiritual
tibetano, que vive no exílio em Dharamsala, na Índia, como um "separatista" e condena
suas viagens pelo exterior.
"Queremos deixar muito claro que o Dalai Lama está
visitando Taiwan para manifestar condolências às vítimas e presidir momentos de oração"
– disse um assessor do líder budista, Tenzin Taklha.
Os observadores internacionais
descartam, todavia, a possibilidade de Pequim tomar alguma atitude mais concreta contra
Taipé, por estar permitindo esta visita, a fim de não comprometer as atuais relações
econômicas entre China e Taiwan.
Cerca de 650 pessoas podem ter morrido após
a passagem do tufão Morakot, de 7 a 9 de agosto: o pior a atingir a ilha nos últimos
50 anos.
A China reivindica soberania sobre Taiwan desde 1949, quando as forças
de Mao Tsé-Tung ganharam a guerra civil chinesa e os derrotados escaparam para a ilha.
Pequim promete recuperar o controle de Taiwan, mesmo que seja necessário o uso da
força. (AF)