VATICANO REAFIRMA INDIGNAÇÃO POR MORTE CLANDESTINOS NO MAR
Cidade do Vaticano, 26 ago (RV) - O presidente do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e Itinerantes, Dom Antonio María Vegliò, voltou ontem a se defender
dos ataques de políticos do partido italiano da Liga Norte (LN) sobre a postura do
Vaticano a respeito da morte de 73 imigrantes no mar.
Em comunicado divulgado
ontem à imprensa, Dom Vegliò respondeu às recentes declarações do ministro da Simplificação
Legislativa da Itália, Roberto Calderoli, da LN, que o acusou de falar em seu nome
e não no da Santa Sé.
Nos dias passados, Calderoli afirmou que mensagens como
as de Dom Vegliò - que defende o direito dos imigrantes de fugirem da fome e pobreza
para outros países - estão na base das motivações que levam os imigrantes ilegais
a entrarem nos barcos e morrerem vítimas de naufrágios.
“Tenho a grande honra
de fazer declarações em nome da Santa Sé. Nunca fui retificado pela Santa Sé e nem
pela Conferência Episcopal Italiana” – reitera o Presidente da Pastoral responsável
pelos Migrantes.
“Talvez o senhor ministro estivesse pensando em outras situações
ou se referisse a outra pessoa” – escreve, acrescentando que “são inaceitáveis e ofensivas
as declaração do ministro, quase me responsabilizando pela morte de muitos pobres
seres humanos, engolidos pelas águas do Mediterrâneo”.
“Minha declaração partia
só de um fato concreto, trágico: a morte de muitas pessoas, sem acusações, mas apelando
à responsabilidade de todos” – concluiu.
A discussão entre o Vaticano e o
partido de extrema-direita Liga Norte começou depois que seu fundador, Umberto Bossi,
qualificou a comparação feita pelo jornal da Conferência Episcopal Italiana, "Avvenire",
da tragédia das mortes de imigrantes ilegais com os trens de judeus no Holocausto
nazista tinha “pouco sentido”.
Bossi, cujo partido é parceiro do Governo
de Silvio Berlusconi, sugeriu ao Vaticano que abrisse suas portas e acolhesse os imigrantes
ilegais. (CM)