PAPA: "TUTELAR MEIO-AMBIENTE E PESSOA É DEVER DE TODOS"
Castel Gandolfo, 26 ago (RV) - O papa recebeu esta manhã um grande número de
fiéis, na tradicional audiência geral das 4as feiras, no pátio interno da residência
de Castel Gandolfo.
Como sempre, após a catequese em italiano, Bento XVI leu
resumos em várias línguas, para que todos os grupos compreendessem o teor de seu discurso.
Saudando em francês os peregrinos de Burquina-Fasso, Bélgica e França, o papa os convidou
a agradecer a Deus pelo inestimável dom da Criação, e recordou a nossa responsabilidade
de proteger o meio-ambiente e salvaguardar os recursos da Terra e do clima.
“A
natureza é um dom do Criador, que traçou os seus ordenamentos intrínsecos, dos quais
o homem há de tirar as devidas orientações para a guardar e cultivar” – recordou,
acrescentando:
“Que nós possamos construir juntos um desenvolvimento humano
integral, inspirado nos valores da caridade e da verdade, em benefício dos povos de
hoje e amanhã”.
Ao dar as boas-vindas aos fiéis e turistas de língua inglesa,
o papa ofereceu seu apoio aos líderes de governos e agências internacionais que participarão
da cúpula da ONU sobre mudanças climáticas, em Copanhagen, em dezembro próximo.
Em
sua recente encíclica, Caritas in veritate, o papa se referiu a questões relativas
ao meio-ambiente e sua proteção, recordando a “urgente necessidade moral de uma renovada
solidariedade”, não apenas entre países, mas também entre os indivíduos, uma vez que
o ambiente foi dado por Deus a todos e seu uso constitui uma responsabilidade que
temos para com os pobres, as gerações futuras e a humanidade inteira.
Bento
XVI recordou aos governos e à comunidade internacional sua responsabilidade de assinalar
a seus cidadãos os meios corretos para combater formas prejudiciais de tratar o meio-ambiente,
e advertiu:
“Os custos econômicos e sociais derivados do uso dos recursos
ambientais comuns devem ser reconhecidos de maneira transparente e plenamente suportados
por quem deles usufrui e não por outras populações nem pelas gerações futuras. A proteção
do ambiente, dos recursos e do clima requer que todos os responsáveis internacionais
atuem conjuntamente e se demonstrem prontos a agir de boa fé, no respeito da lei e
da solidariedade para com as regiões mais necessitadas da terra”.
A degradação
do meio-ambiente e o escândalo da fome e da miséria humana requerem a transformação
imediata do atual modelo de desenvolvimento global.
O pontífice exortou os
participantes da Cúpula das Nações Unidas a discutirem sobre isso de forma construtiva;
generosamente corajosos.
Após saudar os peregrinos espanhóis e latino-americanos,
o papa falou em português:
“Saúdo todos
os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os grupos do Coral de Vila Real e
de Mogi das Cruzes, desejando que esta visita ao Sucessor de Pedro fortaleça a vossa
fé e vos ajude a irradiar o Amor de Deus na própria casa e na sociedade. O Pai do
Céu derrame os seus dons sobre vós e vossas famílias, que de coração abençôo”.
Em
polonês, Bento XVI cumprimentou os peregrinos pela Solenidade de Nossa Senhora de
Częstochowa, de quem a Polônia “recebe, há séculos, ajuda e defesa extraordinários”;
e os convidou a perseverarem com Maria, seguindo o exemplo do servo de Deus João Paulo
II.
Em italiano, o papa falou sobre a memória litúrgica de Santa Monica e
Santo Agostinho, que celebraremos nos próximos dias, pedindo que seu exemplo leve
os jovens a uma busca sincera e apaixonada pela verdade evangélica, revele aos doentes
o valor redentor do sofrimento oferecido a Deus, e sustente os noivos no generoso
testemunho da gratuidade do amor de Deus.
Dirigindo-se aos fiéis de língua
alemã, Bento XVI saudou os jovens coroinhas e estudantes em férias presentes aqui.
Inspirando-se justamente no tempo de verão, que “nos dá a oportunidade para admirar
a beleza da natureza”, frisou que as questões do meio ambiente estão estritamente
relacionadas com o tema do desenvolvimento integral do homem. A responsabilidade da
Criação é partilhada; e a Igreja também sente esta obrigação.
“O homem não
é um soberano absoluto sobre a Criação” – reafirmou.
Esta primeira parte do
encontro se encerrou com a oração do Pai Nosso e a benção apostólica. Em seguida,
o papa se dirigiu à Sala dos Suíços, onde recebeu um grupo de 2.200 visitantes alemães.
Após esta audiência especial, Bento XVI retornou ao balcão da residência e concedeu
uma nova benção a seus compatriotas. (CM)