2009-08-24 11:42:53

Prestar socorro aos clandestinos, no mar, é uma questão humanitária


(24/8/2009) Depois da nova tragédia ocorrida nas costas italianas, onde no passado fim de semana, 73 eritreus morreram durante uma travessia rumo à península, o Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, D. Antonio Maria Veglió reiterou que “todos os migrantes têm direitos fundamentais que devem ser respeitados, em qualquer situação”.


Depois de passar 23 dias no mar sem combustível, comida, água ou socorro, somente cinco pessoas conseguiram sobreviver e contaram a sua odisseia . Segundo eles, mais de dez barcos passaram perto e não os socorreram. As autoridades italianas e maltesas afirmaram duvidar deste relato, mas a repercussão do episódio gerou críticas em todos os sectores sociais e políticos, e a condenação unânime da ONU e da Igreja Católica.


“O ACNUR ficaria muito preocupado se o endurecimento das políticas governamentais em relação aos imigrantes tivesse o efeito de desencorajar os capitães de barcos a honrar as suas obrigações internacionais marítimas” - afirmou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, em relação à linha dura adoptada pelo governo de Silvio Berlusconi para a imigração.


“Como se o medo pudesse prevalecer sobre o dever de dar assistência no mar” - disse Laura Boldrini, porta-voz do ACNUR, definindo o episódio como “alarmante” e “chocante”.


A Igreja italiana, indignada, falou de “ofensa à humanidade”, denunciando que o Ocidente mantém “os olhos fechados” como o fez diante dos combóios que levavam os judeus a morrer em campos de concentração.


“Naqueles anos, o totalitarismo e o terror faziam fechar os olhos. Hoje não. A indiferença é tranquila, resignada” - escreve o jornal da conferencia episcopal italiana, Avvenire, em editorial na primeira página.


Este diário recorda que “há uma lei do mar, muito mais antiga do que aquela codificada em tratados, que ordena: no mar, socorre-se. Violar essa antiga lei ameaça as nossas raízes fundamentais, a ideia do que é um homem e de como ele é precioso” - continua.


Falando à RV, o arcebispo responsável pela Pastoral dos Migrantes, D. Veglió, referiu –se também à imigração noutras áreas geográficas, como o deserto de fronteira entre México e Estados Unidos; ou no Oriente; na África sub-Sahariana: “A realidade é a mesma; são seres humanos em direcção a países ou regiões economicamente mais ricas, para fugir da pobreza e da fome. Por isso, estão dispostos a deixar tudo, até a própria vida”.


“Como afirma o Papa, este problema requer uma forte e iluminada política de cooperação internacional, para ser adequadamente enfrentado” – declarou D. Veglió, acrescentando que “é um direito humano ser acolhido e socorrido, e isto acentua - se em situações de extrema necessidade, como por exemplo, quando se está à deriva no meio ao mar.
“É uma lastima que a sociedade seja tão egoísta e recuse o estrangeiro” – acrescentou
 







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