2009-08-20 11:48:16

Espiritanos adaptam-se às mudanças no mapa do catolicismo
 


(20/8/2009) O facto de a Europa ter deixado de ser a origem da maior parte dos missionários é uma das consequências das transformações verificadas no mapa das vocações consagradas, que, por sua vez, reflectem a alteração das regiões onde o catolicismo tem maior relevância religiosa e social.
Há 30 anos, os Espiritanos contavam com mais de dois mil europeus, pouco ultrapassando a centena de africanos. Hoje, a congregação tem cerca de 1300 membros provenientes de África, além de religiosos originários da América Latina, Ásia e Oceânia. “Estávamos organizados segundo critérios, mentalidades e tipos de organização europeia, e isto já não corresponde à realidade”, refere o Pe. Eduardo Miranda, membro do Conselho Geral dos Espiritanos.
Esta mudança no rosto da congregação repercute a diminuição das vocações à consagração religiosa na Europa e na América do Norte – “onde o mundo cristão está um bocado adormecido” – e a sua expansão noutras regiões do globo.
Por outro lado, não se concretizaram as previsões que, há 30 anos, apontavam para uma clara diminuição no número de membros da congregação; pelo contrário, os Espiritanos cresceram, contando actualmente com cerca de três mil religiosos, presentes em 62 países. Apesar da denominada “crise de vocações”, todos os anos são enviados, pela primeira vez, entre 50 a 60 missionários.
Outra das conjecturas que falhou foi o desafogo económico previsto para o início deste século: os “altos problemas financeiros” devem-se ao facto de a congregação se ter estabelecido em 23 dos 34 países mais pobres do mundo.
A realidade exige propostas criativas e o compromisso individual. Os Espiritanos não perguntam o que é que a congregação pode dar a um determinado país, mas o que é que eles podem dar à congregação. “Se há algo que nós não queremos apoiar, é a criação de mentalidades assistencialistas”, “quer entre nós, que na relação com o povo”, refere o Pe. Eduardo.
Os projectos dos Espiritanos não se resumem às regiões tradicionalmente associadas à missionação: na Europa e na América do Norte, trabalham com emigrantes, dedicando-se igualmente aos grupos humanos “que ninguém olha”. Concretiza-se, assim, um dos elementos mais importantes da identidade da congregação: ir para onde mais ninguém quer estar.
O Paquistão e a Mauritânia são alguns dos países onde é muito arriscado ser católico. Ou na Argélia, onde o facto de se andar com duas Bíblias pode conduzir à prisão e à expulsão.
Ao trabalho dos religiosos consagrados, junta-se desde há vários anos a acção dos leigos missionários. “Os leigos recebem da nossa espiritualidade e tradição, mas nós também recebemos dos leigos o seu jeito de estar no mundo”, reconhece o Pe. Eduardo Miranda.
(Em ECCLESIA)
 







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