2009-08-20 10:58:36

AFEGANISTÃO: VOTO E REPRESSÃO AOS CRISTÃOS


Cabul, 20 ago (RV) - “A situação em Cabul é desastrosa. Se continuar assim, o Afeganistão pode se tornar um novo Vietnã. Os talebãs não querem que o país saia do estado de atraso em que se encontra”.

A denúncia é de um religioso católico, que pede o anonimato. Em Cabul, onde trabalha há muitos anos, é melhor que não saibam que é padre: “algum fundamentalista pode aparecer e me degolar” – explica.

Sobre as eleições de hoje, ele afirma que a situação é muito complicada e difícil: “a corrupção é altíssima, Cabul é a única capital no mundo sem eletricidade”. O padre ressalva que quando ajudadas, as pessoas reconhecem o esforço e o apreciam. “É o que as organizações cristãs estão fazendo” – confirma.

Exemplo disso é o trabalho das 12 irmãs das Pequenas Servas do Sagrado Coração em um centro que ajuda crianças com deficiências em sua integração na escola. A lei estabelece que não-muçulmanos residentes no país podem praticar a sua fé, mas não podem propagá-la.

Irmã Michela diz que a situação não é fácil, mas a população quer a paz e está reconstruindo as casas. Já Irmã Maria Assunta, esperançosa, conta que a comunidade católica é formada por estrangeiros e que a única igreja está dentro da embaixada italiana. “Todos esperam que o voto traga resultados positivos” – diz.

Hoje, milhões de afegãos comparecem às urnas para eleger o novo presidente do país e membros dos conselhos locais das províncias.

Em Cabul, o Presidente Hamid Karzai foi o primeiro a votar, cercado de intensas medidas de segurança, em um colégio eleitoral do centro, nas segundas eleições presidenciais realizadas no país desde a queda do regime talebã.

A princípio, todos os afegãos são considerados muçulmanos. Segundo o artigo 3 da constituição afegã, “nenhuma lei pode ser contrária à crença da sagrada religião do Islã”.

A apostasia (abandono do Islamismo) e a blasfêmia são crimes passíveis de morte. Consequentemente, convertidos e ateus podem ser condenados à morte.

Em maio de 2007, uma emenda à lei que regula a mídia afegã proibiu a promoção de qualquer religião que não fosse o Islamismo.
Na época de seu governo, o regime dos talebãs impôs a rigorosa interpretação da xariá. O país assistiu a uma vigorosa promoção do Islã e, por conseguinte, uma forte opressão contra a pequena comunidade cristã.

Alguns países, como Irã e Arábia Saudita, têm apoiado o Afeganistão, enviando líderes, livros religiosos e dinheiro. O país abriga muitos muçulmanos radicais.

Os convertidos sofrem uma enorme pressão. Se, em três dias, não retratam e voltam ao Islamismo, podem morrer. A maior parte dos convertidos guarda sua fé para si e só a compartilha com pessoas que consideram dignas de confiança.

Em novembro de 2008, insurgentes do Talibã assassinaram uma voluntária com cidadania inglesa e sul-africana, de 34 anos, da agência “Servindo o Afeganistão”.

Em julho de 2007, 23 jovens missionários evangélicos sul-coreanos foram capturados na província de Ghazi, sul do país. Apesar de muitas tratativas, o sequestro deixou como saldo dois reféns mortos e a promessa do governo sul-coreano de conter o envio de missionários cristãos ao país.

Um relatório da ONU informa que somente nos primeiros sete meses de 2008, houve mais de 120 ataques contra agentes humanitários. No total, 92 pessoas foram sequestradas e 30 morreram. (CM)







All the contents on this site are copyrighted ©.