PONTIFÍCIA MISSÃO PARA A PALESTINA, UMA OBRA A SERVIÇO DA CARIDADE
Cidade do Vaticano, 17 ago (RV) - "Need not creed" – “Necessidades, não doutrinas”.
Há 60 anos é a palavra de ordem da Pontifícia Missão para a Palestina na região meridional.
Uma obra ao serviço da caridade, que assegura o financiamento de iniciativas em apoio
às populações locais. De Nova Iorque, sede administrativa (a central está em Roma)
se segue com atenção os eventos na Terra Santa, na Jordânia e no Líbano. Nos últimos
anos o horizonte da instituição se ampliou abrangendo também o Iraque e a Síria.
O
presidente é Mons. Robert Stern. Reside em Nova Iorque, pois è precisamente entre
os católicos dos Estados Unidos e do Canadá que se encontra o maior número de benfeitores
da obra. Mons. Stern, numa entrevista ao jornal vaticano “L'Osservatore Romano”, contou
algo sobre esses últimos 60 anos.
Após a decisão da ONU em 1947 de dividir
a Palestina, Pio XII escreveu três encíclicas para a paz na Terra Santa e a solução
dos problemas palestinos: "Auspicia quaedam" de 1º de maio de 1948, "In multiciplibus
curis", de 2 de outubro do mesmo ano e 'Redemptoris nostri cruciatus" de 15 de abril
de 1949.
Segundo Mons. Stern, foram o sofrimento e a indigência dos povos
da Palestina, após a divisão, a suscitar no Papa Pacelli o desejo de criar um organismo
eclesial específico para ajudá-los. Por isso encarregou o secretário da Catholic Near
East Welfare Association (Cnewa), agência sob a jurisdição da Congregação para as
Igrejas Orientais, Dom Thomas J. McMahon, a criar uma entidade que assistisse e oferecesse
ajuda às crianças, às famílias, aos feridos, aos enfermos, aos anciãos e aos exilados.
Centenas
de milhares de palestinos foram obrigados a deixar a sua terra natal e a se refugiar
na parte do território sob o controle da então Transjordânia ou do Egito. No dia 18
de julho de 1949 o Secretário da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Eugenio
Tisserant, publicava o documento que sancionava o nascimento da pontifícia missão.
Como primeiro secretário foi escolhido o canônico Jules Creteen, reitor do seminário
arquidiocesano de Malines, e como assistente o franciscano Raphael Kratzen. A sede
administrativa foi estabelecida em Beirute, com escritórios sucessivamente abertos
em Jerusalém e Amã.
Inicialmente, a pontifícia missão se ocupou em assistir
os deslocados e refugiados. Após o nascimento da Unrwa, a agência da ONU para os refugiados
palestinos, adotou os seus programas não somente para colaborar com a agência da ONU
no melhoramento das condições de vida dos palestinos nos campos de refugiados, mas
também para estabelecer novas instituições, como foi o caso de uma escola para cegos
em Gaza.
Após o ano de 1967, a crise dos refugiados começou a estender-se também
à Jordânia. Em resposta, a missão ajudou não somente os palestinos que habitavam nos
campos de refugiados no reino da Jordânia, mas também os mesmos jordanianos, dando
apoio econômico a muitos vilarejos. Foram construídos hospitais em Amã e Zerqa e iniciado
um programa de ajuda às crianças pobres e às suas famílias. Após o ano de 1975, com
a guerra civil no Líbano, a atenção da missão se direcionou aos poucos à população
libanesa: assistência sanitária aos mais necessitados, sobretudo nos hospitais católicos,
subsídios a cerca de 100 orfanatos, e a reconstrução das casas danificadas pela guerra.
Após
a Intifada de 1987 a pontifícia missão centralizou a sua ajuda nos vários comitês
locais palestinos, provendo serviços sanitários em Gaza e na Cisjordânia, coordenando
o uso da água e da terra agrícola e promovendo uma cultura de justiça e de paz.
Falando
sobre o elemento característico da pontifícia missão, Mons. Stern afirma que a mesma
faz parte daqueles que abrem as estradas. Experimenta novos caminhos, indicando os
percursos. “Depois outros com maiores recursos nos seguem neste itinerário”, destaca.
No Oriente Médio as emergências não terminam jamais e nem mesmo a caridade do papa
manifestada através da pontifícia missão. (SP)