Cidade do Vaticano, 17 ago (RV) - As religiões continuam a crescer, contrariando
quem anunciava a extinção quando se verificasse o progresso científico e tecnológico
do mundo moderno. O Cristianismo ultrapassará os 3 bilhões de fiéis em 2050, mas o
Islamismo, que chegará aos 2, 3 bilhões, será a religião que, proporcionalmente, mais
crescerá.
O novo Atlas das religiões, segundo o jornal francês "Le Monde" comprova
que "Deus não morreu e nem sequer está agonizante". Ainda há poucas décadas, não faltava
quem garantisse que, com a evolução do progresso, dar-se-ia, paulatinamente, a extinção
das religiões. Nietzsche até anunciava a "morte de Deus". Na verdade, as crenças continuam
vivas e com futuro, sublinha o site Religión Digital.
O dossier do grupo
"La Vie" e do jornal "Le Monde" assinala como aspecto mais relevante o crescimento
das grandes religiões até o ano 2050. O Cristianismo passará dos 1,7 bilhões de fiéis,
de 1990 (hoje 2 bilhões) para mais de 3 bilhões em 2050. Os muçulmanos, que eram 962
milhões em 1990 (hoje 1,2 bilhão) serão, em 2050, 2,2 bilhões.
Será mais moderado
o crescimento do Hinduísmo que, de 686 milhões em 1990, chegará a ter 1,1 bilhões
em 2050, enquanto o Budismo passará de 323 milhões de fiéis em 1990, para 425 milhões;
e os judeus, de 13 para 17 milhões, no mesmo período.
Em termos geográficos,
o Cristianismo vai mais para o sul do mundo; e a Europa − que hoje conta 25% de fiéis
(280 milhões de católicos, 40% da população; 100 milhões de protestantes; e 150 milhões
de ortodoxos), ou seja, 25% do Catolicismo mundial − terá apenas 16% em 2050.
A
grande maioria dos católicos está no Novo Mundo, com aproximadamente 275 milhões na
América do Norte e 530 milhões na América Latina e, ainda, na África.
O presidente
do Instituto Europeu de Ciências das Religiões, Dominique Borne, sublinha que o colapso
do socialismo real e o desaparecimento do ateísmo oficial e militante revelaram que
"o religioso, que se pensava "em vias de desaparecer", na verdade sempre se manteve
e até mesmo cresce, inclusive na Rússia e no Vietnã, onde menos se esperaria.
O
crescimento do Islamismo deve-se à demografia: define-se cada vez mais como comunidade
mundial e menos como território. É por isso que a maioria dos muçulmanos não vive
no Médio Oriente, como se poderia pensar, mas na Ásia, onde estão dois terços dos
muçulmanos. Quatro países reúnem cerca de metade dos muçulmanos: Indonésia (maior
país muçulmano), Paquistão, Índia e Bangladesh. Na África, um de cada três habitantes
reza a Alá. Na Europa, vivem 16 milhões de muçulmanos e quatro milhões, nos EUA. (AF)