Roma, 14 ago (RV) - No Iraque é preciso dar um maior espaço à esperança. “Se
fosse perdida, não há dúvida de que a presença cristã em breve desapareceria”. É o
que afirma o arcebispo Dom Fernando Filoni, encarregado dos assuntos gerais da Secretaria
de Estado e núncio apostólico no Iraque entre 2001 e 2006, em uma entrevista ao jornal
vaticano L’Osservatore Romano por ocasião da tradução em francês do livro “A Igreja
na terra de Abraão”, publicado em italiano em 2006.
O núncio não é um espectador,
mas se encontra envolvido na realidade de um país que, num certo sentido, sente fazer
parte. São palavras de Dom Fernando Filoni que, recordando os anos transcorridos no
Iraque, afirma ter se sentido um iraquiano entre os iraquianos. Mesmo em uma terra
atingida pela guerra e pelas violências não faltam solidariedade e estima. O arcebispo
recorda em particular um episódio: em 2006, quando um carro-bomba explodiu do lado
na nunciatura, um muçulmano chegou com 30 operários para reparar os danos. A sua contribuição
– afirma – foi um tangível sinal de afeto.
A decisão de permanecer em Bagdá
durante a guerra – explica em seguida o prelado – foi uma escolha sacerdotal: “Se
o pastor foge nos momentos de dificuldade – disse Dom Filoni – também o rebanho se
desfaz”. Continuar no Iraque foi também um modo “para encorajar a Igreja iraquiana”.
O prelado se detém depois nos eventos históricos milenares para focalizar em seguida
a atenção sobre a complexidade da realidade contemporânea. A população iraquiana –
observa o arcebispo – continua, infelizmente, a ser atingida por explosões e por graves
dificuldades: aos atentados se acrescenta muitas vezes “a falta de água ou de energia
elétrica”. “Existe a dificuldade de encontrar trabalho”, “a inadequabilidade da escola”
e, sobretudo “falta segurança”.
Mas o futuro – acrescenta – está nas mãos dos
iraquianos e quando o sistema educacional puder funcionar a pleno ritmo, “o Iraque
poderá então realizar muito com as suas próprias forças”. Dom Fernando Filoni afirma
enfim que os cristãos, comunidade originária do Iraque, têm “o direito de viver e
de viver respeitados em sua dignidade”. Se a comunidade cristã migrasse, o dano cultural
e religioso seria “incalculável”. Por isso – conclui o arcebispo – temos “o dever
de ajudar os cristãos iraquianos” e de “dar a eles uma esperança”. (SP)