Migrantes não são um problema, foi salientado em Fátima na peregrinação internacional
do Migrante deste 13 de Agosto
(13/8/2009) Milhares de peregrinos reuniram-se esta Quinta-feira em Fátima para a
Peregrinação Internacional do Migrante, presidida por D. Alessandro Ruffinoni, responsável
pela pastoral dos brasileiros no estrangeiro, que por várias vezes criticou as “patrulhas”
e leis que procuram limitar os direitos dos migrantes. “Não me perguntem quantos
idiomas eu falo, porque para o migrante, há apenas dois idiomas. O idioma de Caim
e o de Abel. O de Caim é o do ódio, da inveja, da humilhação, do engano, do aproveitamento,
da esperteza, da prisão, da deportação, das patrulhas, das rondas... Já o idioma de
Abel é o do amor, do acolhimento, da solidariedade, do perdão e da fraternidade, da
amnistia”, indicou. Na sua homilia, o Bispo auxiliar de Porto Alegre defendeu que
“o migrante nunca pode ser considerado como um problema, nem pela Igreja, nem pelo
Estado que o acolhe, e sim uma riqueza de grande valor de que devemos agradecer a
Deus”. “A Igreja é mãe e como mãe acolhe a todos e aceita todas as etnias”, assegurou. A
Peregrinação anual dos migrantes tem este ano como tema “Viver o Amor Fraterno sem
Distinções nem Discriminações”. A iniciativa está integrada no programa da 37ª Semana
Nacional das Migrações, numa organização da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana/Obra
Católica Portuguesa das Migrações (OCPM). D. Ruffinoni, de origem italiana, disse
que é “intenso e profundo pensar num mundo sem fronteiras, sem a palavra estrangeiro,
pois esta é uma palavra triste, fria, uma palavra que separa e divide”. Segundo
este responsável, convidado pela Igreja em Portugal para lembrar a importância da
comunidade brasileira – a maior entre os estrangeiros no nosso país – afirmou que
“não importa se sou italiano, português, brasileiro, americano, chinês ou japonês.
Aquilo que é realmente importante é que somos todos feitos a imagem e semelhança de
Deus”. A Igreja como demonstração de amor e carinho, quer dizer aos seus filhos
e filhas que reconhece a trajectória de cada um; que não os esqueceu, apesar de estarem
longe, dispersos pelo mundo inteiro; que os acompanha com a sua prece, para que não
se cansem e não desanimem na busca de uma vida melhor”, frisou. Depois de citar
a reflexão de Bento XVI, na sua Encíclica Caritas in Veritate, sobre o fenómeno
das migrações na contemporaneidade, D. Alessandro Ruffinoni considerou que a Igreja
“deve dar o exemplo para um melhor acolhimento dos migrantes, ajudando os fiéis a
superar preconceitos”.