IGREJA DEVE DAR EXEMPLO PARA SUPERAR PRECONCEITO CONTRA OS MIGRANTES
Fátima, 13 ago (RV) – O bispo auxiliar de Porto Alegre, Dom Alessandro Carmelo
Ruffinoni, disse ontem, no santuário mariano de Fátima, que a Igreja deve dar o exemplo
no acolhimento dos migrantes, ajudando a superar preconceitos.
"Como Igreja,
devemos nós, por primeiro, dar o exemplo de acolhida aos migrantes, ajudando os fiéis
a superarem preconceitos e prevenções" – afirmou o prelado, na homilia da santa missa
de encerramento da Peregrinação do Migrante e do Refugiado.
Sublinhando que
"o migrante não pode ser considerado um problema, nem pela Igreja, nem pelo Estado
que o acolhe", Dom Ruffinoni sustentou que os migrantes são "uma riqueza de grande
valor que devemos agradecer a Deus".
"O migrante não é um estrangeiro, mas
um mensageiro de Deus que surpreende e rompe a regularidade e a lógica da vida quotidiana",
declarou, considerando que "estrangeiro" é uma palavra "triste e fria, que separa
e divide".
Apelando aos migrantes para que "não se cansem e não desanimem
na busca de uma vida melhor", o prelado agradeceu-lhes pelo "trabalho que desempenham
e pela contribuição para o progresso das nações que os acolhem".
"Vocês são
as sementes de Deus que espalham − com a vida e o testemunho − a fé, os costumes e
as tradições de sua pátria, enriquecendo, assim, os povos com os quais estão convivendo"
– sublinhou o bispo.
Referindo-se às viagens que realizou ao Japão e aos Estados
Unidos, Dom Ruffinoni, que é o responsável pela Pastoral para os Brasileiros no Exterior
disse ter constatado "como a presença dos migrantes represente uma forte contribuição
para o crescimento dos valores cristãos e humanos entre as pessoas".
Perante
milhares de peregrinos, o bispo auxiliar de Porto Alegre recordou as palavras do Papa
Bento XVI que, na sua mais recente encíclica, sublinhou que o imigrante é uma "pessoa
humana" e, enquanto tal, é titular de direitos fundamentais inalienáveis que devem
ser respeitados por todos, em qualquer situação.
"Feliz daquele povo que sabe
acolher e abrir a porta ao migrante, porque encontrará paz, alegria e progresso" –
exortou o bispo.
Dirigindo-se aos migrantes brasileiros − cerca de cinco milhões
espalhados por todo o mundo − e particularmente aos presentes em Fátima, Dom Ruffinoni
garantiu que a Igreja no Brasil está orgulhosa "de todos", por "sua fé, pelo trabalho
e pelo espírito de alegria que contagia todos".
Durante a celebração eucarística
cumpriu-se uma tradição que remonta a 1940, e que se repete todos os anos, no dia
13 de agosto: a oferta de trigo. No ano passado foram oferecidos 5.543 kg de trigo
ao santuário, enquanto no ano anterior a oferta foi de 7.059 kg. Esse trigo é usado
para produzir, em Fátima, as hóstias consumidas no santuário e as oferecidas às comunidades
religiosas que colaboram com a instituição. (AF)