Nova Delhi, 11 ago (RV) – “A lei sobre a blasfêmia deve ser cancelada o quanto
antes. Ela ofende o Islã e é uma vergonha para o Paquistão”. Foi o que disse o prof.
Ashgar Ali Engineer, muçulmano indiano e perito no Islã, que numa entrevista à AsiaNews
exprime toda a sua solidariedade às comunidades cristãs vítimas da violência no Punjab
nos dias passados.
A conhecida lei sobre a blasfêmia, que chega condenar à
morte qualquer pessoa que ofenda o Alcorão e o profeta Maomé, foi introduzida no Paquistão
pelo ditador Zia-ul-Haq nos anos 80. Desde então a mesma se tornou fonte de contínuas
violências contra os cristãos e fiéis de outras religiões. Acusações muitas vezes
falsas e motivadas por interesses mesquinhos geram escândalos e impulsionam multidões
a fazer justiça com as próprias mãos. Mesmo se presos, com base na acusação de uma
só pessoa, os acusados correm o perigo de violências e torturas por parte da polícia.
Diversos juízes – sob pressão de multidões, instigadas por líderes religiosos locais
– decretaram a pena de morte mesmo sem alguma prova contra os acusados.
Nos
dias passados, no Punjab, se verificaram 3 casos de “blasfêmia”: em Koriyan e Gojra
um grupo de cristãos foi massacrado sob falsas acusações; oito pessoas foram queimadas
vivas. Já em Muridke, o proprietário de uma fábrica, junto com outras duas pessoas,
foi assassinado. Em Sanghar uma mulher, correu perigo de ser morta, acusada de blasfêmia
por um comerciante impaciente para que a mesma pagasse as suas dívidas.
Já
em um editorial de 2003, no jornal paquistanês Dawn, o prof. Ashgar Ali Engineer escrevia:
“Até hoje, todos os casos registrados sob a iníqua lei da blasfêmia se demonstraram
falsos, concebidos com malícia, manipulação ou incompreensão. Os processos foram injustos;
os advogados defensores sofreram violências; os tribunais sofreram pressões ou ameaças
de grupos religiosos; os juízos emitidos contra os acusados foram arbitrários, caprichosos,
desequilibrados, ou baseados em meras conjecturas: nuas e cruas injustiças em nome
do Islã, as sentenças de norte foram, de fato, assassinatos jurídicos”.
Desde
a sua introdução, em 1986, até hoje, a lei causou a morte de 25 pessoas. (SP)