Caracas, 10 ago (RV) - A Conferência Episcopal da Venezuela publicou nos dias
passados, com a assinatura dos quatro bispos membros da presidência, sob a liderança
do arcebispo de Maracaíbo, Dom Ubaldo R. Santana Sequela, uma breve declaração na
qual analisa a situação do país, precisamente no momento em que têm início as férias
de verão. Um período que – escrevem os bispos – “deveria ser um momento de repouso
e distensão” e, portanto, uma ocasião “para renovar a esperança, o desejo de viver
e trabalhar pelo bem pessoal e coletivo”. Todavia, os bispos “constatam com preocupação”,
que as férias deste ano tiveram início com a “aprovação de modo rápido e sem debates
de novas leis e ordenamentos, com o fechamento de várias emissoras de rádio e com
a utilização da violência por parte de grupos que agem sem controle”.
Além
do mais – observam os bispos venezuelanos – o país continua a assistir numeras perseguições
sem motivo como também a aplicação de multas, atos nos quais o denominador comum é
o uso da força. No campo internacional, os bispos destacam também “as tensões criadas
por causa dos conflitos com Honduras e Colômbia”. Todas “essas situações – destaca
a declaração – são causas de inquietação e angústia para a população”.
O fechamento
de várias emissoras de rádio – lê-se no comunicado – “coloca em dúvida o pluralismo
e a liberdade de expressão garantidos pela lei. Por suas vez, a medida atinge centenas
de venezuelanos e venezuelanas que ficarão sem trabalho e sem um futuro para as suas
famílias”. Os bispos denunciam também a aprovação, em primeira leitura, da Lei orgânica
sobre o sistema educativo nacional, feita “de um dia para o outro..., sem debates
e sem levar em consideração a contribuição fornecida tempestivamente por parte de
diversas organizações da sociedade civil. Tudo isso “dificulta a participação serena
dos cidadãos e naturalmente dificulta o bem comum da sociedade”.
Com referência
à contínua polêmica das autoridades venezuelanas com as autoridades da Colômbia, que
dura já alguns anos, os bispos acreditam que “esse conflito é um obstáculo à convivência
pacífica desejada pelos dois países, minando a tranquilidade” de muitos “colombianos
que vivem e trabalham na Venezuela”, colocando em “perigo a sobrevivência de milhares
de pessoas e famílias que vivem do intercâmbio comercial entre as duas nações”.
Enfim,
a Conferência Episcopal da Venezuela “pede a todos, ao governo e aos cidadãos, que
ajam para abrir espaços de diálogo e entendimento, centralizando a atenção nos problemas
mais urgentes da população”. Concluindo a exortação, os bispos citam como urgentes
necessidades; a insegurança dos cidadãos, a instabilidade no emprego e “o respeito
pelo tempo das férias entendido como tempo necessário para alimentar o espírito com
os valores superiores da caridade e da amizade”. (SP)