PAQUISTÃO: ABAIXO-ASSINADO CONTRA LEI DA BLASFÊMIA. EUROPA TAMBÉM SE PRONUNCIA
Islamabad, 08 ago (RV) - Quinta-feira, o premiê paquistanês, Yousuf Raza Gilani,
e o primeiro-ministro do estado de Punjab, Mian Shahbaz Sharif, visitaram as famílias
cristãs de Gojra, atingidas pela violência dos extremistas islâmicos. Após a visita,
o premiê encontrou-se com líderes cristãos e prometeu “justiça e indenizações”. Segundo
um canal particular de TV, Gilani teria anunciado a revisão da lei sobre a blasfêmia.
Em
entrevista à agência Asianews, o secretário executivo da Comissão Nacional Justiça
e Paz da Igreja Católica no Paquistão, Pe. Peter Jacob, afirmou que governo, hoje,
é mais sensível do que no passado em relação às conseqüências da lei sobre a blasfêmia,
mas uma mudança será possível somente quando houver uma movimentação ‘maciça’. Pe.
Peter anunciou o lançamento de uma campanha de coleta de assinaturas em todo o país.
Para ele, é dever da sociedade promover esta questão. As pessoas são solidárias
com as vítimas da violência, e esta solidariedade pode ajudar a mudar as coisas. O
padre explica que o ponto-chave é a pressão que a sociedade civil pode exercer sobre
o governo.
No passado, o governo de Pervez Musharraf várias vezes prometeu
reformar a lei sobre a blasfêmia, mas os radicais conseguiram impedir qualquer mudança.
“Decidimos promover esta campanha em todo o país, e esperamos recolher centenas de
milhares de adesões nos próximos 40 dias”.
Sobre as violências anti-cristãs
em Gojra, a Comissão paquistanesa para direitos humanos denuncia que não se tratou
de uma reação espontânea a um caso de blasfêmia, “mas foi planejada com grande antecedência”.
Entretanto, na Itália, o ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini,
afirmou que a União Europeia (UE) não pode “fechar os olhos” diante dos atos de violência
cometidos contra cristãos do Paquistão.
“É insípido pensar que o desafio se
vence limitando-se a expressar dor e indignação. A União Europeia não pode se desinteressar,
não pode fechar os olhos” – disse, a respeito da decisão tomada ontem de solicitar
uma declaração comum à República Tcheca, presidente do turno da UE, de condenação
aos ataques. Em entrevista ao jornal dos bispos italianos, Avvenire, Frattini explicou
que o documento é apenas o “primeiro passo” para resolver a questão.
“É preciso
que todo o mundo civilizado diga diante da ONU, a uma só voz e com a máxima força,
que liberdade religiosa significa liberdade de todas as religiões” - defendeu o ministro
italiano.
Em resposta, o porta-voz da República Tcheca, Andrews Jorle, declarou
que a presidência está ciente do problema denunciado pelo ministro Franco Frattini.
“O país já está trabalhando para preparar uma declaração comum, que ainda não está
pronta” - garantiu. (CM)