2009-08-08 12:01:49

CARDEAL BERGOGLIO: POBRES NA ARGENTINA SÃO 'MATERIAL DE DESCARTE'


Buenos Aires, 08 ago (RV) - No dia em que a Igreja recordou São Caetano, Padroeiro da Providência de Deus, cerca de um milhão de pessoas peregrinaram até sua paróquia, no bairro de Liniers, em Buenos Aires. Apesar do frio (durante a madrugada a temperatura ficou abaixo de 7 graus), o povo aguardou várias horas nas ruas pelo momento de entrar. Muitos estavam acampados há dias, diante do templo, para agradecer ou fazer pedidos ao santo.

Em sua homilia, o Cardeal Jorge Bergoglio disse que na Argentina “ vivem-se situações de pobreza escandalosa, falta de trabalho e enfermidades como o dengue e a gripe A, (segundo dados oficiais, a doença causou 337 mortes no país); isso tudo é agravado pela falta de justiça”.

O arcebispo de Buenos Aires usou as mesmas expressões escritas anteontem pelo papa Bento XVI, denunciando a situação do país. Sobre este tema, o embaixador argentino junto à Santa Sé, Juan Pablo Cafiero, minimizou: “Nas mensagens do papa a todos os países do mundo, a denúncia da pobreza está presente”.

O pontífice enviou uma mensagem à Comissão Episcopal de Ajuda às Regiões Mais Necessitadas por ocasião da tradicional Coleta Nacional “Mais por Menos”, que se realiza em setembro.

Referindo-se à pobreza, o cardeal assinalou que os necessitados são considerados pela sociedade como “material de descarte”, e se questionou sobre o número de pessoas que vivem nas ruas, em plena Praça de Mayo. “O mundo de hoje é cruel; elas são vistas como lixo. Jesus não quer isso para os seres humanos” – advertiu.

O arcebispo reforçou a idéia, esclarecendo que “é injusto que no país exista tanta gente sem pão e trabalho”.

Em meio à recessão, o clima na Argentina é de pessimismo. Segundo uma pesquisa da consultoria CERX, 70,8% dos argentinos sentem-se pobres. Outra pesquisa, do Centro de Estudos Distributivos, Trabalhistas e Sociais (Cedlas), sustenta que 40% dos argentinos que nascem pobres permanecerão nessa faixa social toda sua vida.

Até os anos 70, a Argentina, com 6% de pobres, era uma espécie de “Europa” perdida na América do Sul. Hoje, o país é cada vez mais “latino-americano”, pois a cada crise econômica, a proporção de pobres é mais elevada. A pobreza voltou a ser o foco do debate econômico e político, já que teria disparado ao longo dos últimos meses, acompanhada pela alta da inflação e a paralisação da economia. (CM)







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