UNESCO ABRIGA TESOUROS DA ARTE MUNDIAL NO CORAÇÃO DE PARIS
Paris, 06 ago (RV) - O anjo de Nagasaki, uma escultura em pedra que foi danificada
pelo lançamento da bomba atômica sobre a cidade japonesa, em 1945, agora é uma das
peças que adornam o Jardim da Paz, um dos tesouros artísticos da sede da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em Paris.
A
escultura fazia parte da fachada da igreja ortodoxa ucraniana de Nagasaki, e da única
parede do templo que sobreviveu à explosão nuclear, no final da II Guerra Mundial.
Desde 1978, faz parte do museu da UNESCO, como presente da cidade à organização.
Frente
a essa testemunha da devastação humana, 80 toneladas de pedras vindas do Japão e dispostas
num espaço de quase dois mil metros quadrados formam um jardim japonês concebido pelo
paisagista e arquiteto Isamu Noguchi − explicou à agência de notícias espanhola, EFE,
a espanhola Tania Fernández de Toledo, responsável pela coleção de arte da organização.
Esse
reduto de tranquilidade é uma pequena relíquia escondida entre edifícios institucionais
como o da Agência Espacial Europeia ou os ministérios franceses das Relações Exteriores
e de Defesa, situados nas proximidades da sede da UNESCO.
Conhecida principalmente
por suas listas de Patrimônios da Humanidade, a UNESCO abriga em sua sede uma coleção
artística de mais de 600 obras que celebra, este ano, seu 60º aniversário.
Entre
elas, está uma oliveira que, na verdade, é uma árvore-escultura idealizada pelo israelense
Dani Karavan. Ela é a peça mais representativa da chamada Praça da Tolerância "Yitzhak
Rabin", dedicada ao ex-primeiro-ministro de Israel e Prêmio Nobel da Paz, assassinado
a tiros por um extremista judeu, em 1995.
Perto da árvore é possível ler a
Constituição da UNESCO em dez línguas diferentes, entre elas o árabe e o hebraico,
onde se destaca uma frase que lembra que, "já que as guerras começam na mente dos
homens, é na mente dos homens onde os bastiões da paz devem ser erguidos".
Junto
a obras de marcado simbolismo pacífico, a sede da UNESCO também acolhe peças que vão
desde as relíquias cuneiformes iraquianas até trabalhos dos grandes gênios do século
XX.
Em cada canto daquele que já foi o edifício mais moderno de Paris, idealizado
por Bernard Zehrfuss, Pier Luigi Nervi e Marcel Breuer, há o rastro do esforço de
criadores variados, que vão desde Pablo Picasso ao islandês Erró.
O
espanhol desenhou para a UNESCO o seu trabalho de maior tamanho, um mural de noventa
metros quadrados intitulado "A Queda de Ícaro", não muito longe de uma escultura de
Alexander Calder, que é a maior peça do norte-americano instalada em solo europeu.
Junto
a eles, a coleção conta em seus catálogos, com nomes como George Braque, Joan Miró,
Eduardo Chillida, Antoni Tàpies, Alberto Giacometi, Goya, Roberto Matta, Piet Mondrian,
Henry Moore e Rufino Tamayo, entre outros.
Em seu início, a UNESCO encomendava
as obras aos artistas - caso de Moore, Picasso e Miró. A partir dos anos 70, todas
as peças que passaram a fazer parte desse organismo das Nações Unidas são doações
de países, e passam pela avaliação de um comitê internacional.
Atualmente,
a UNESCO transformou suas mais de seis décadas de existência em uma excepcional galeria
de arte, no coração de Paris, aberta ao público gratuitamente e bem menos frequentada
do que museus badalados, como o Louvre. (AF)