2009-08-06 17:53:22

Legislação sobre migrantes suscita preocupações da Igreja (Espanha e Itália)


O Presidente da Comissão Episcopal de Migrações da Conferência Episcopal Espanhola , Dom José Sánchez, falando sobre a reforma da Lei de Estrangeiros na Espanha e na Europa, considerou que seria lamentável que a mesma impusesse penas aos que acolhem os imigrantes ilegais, porque desta maneira se estaria sancionando a hospitalidade, um dos gestos de identidade dos cristãos.

O Prelado recordou que quando Cristo disse “fui estrangeiro e me acolheram”, ensinou a seus discípulos a serem hospitaleiros para com os estrangeiros. Entretanto, advertiu que na reforma da Lei de Estrangeiros “um dos pontos mais debatidos é a hospitalidade”.
“No empenho em perseguir os imigrantes em situação irregular ou ‘sem documentos’ se chegou a expor a possibilidade de sancionar as pessoas que dessem hospitalidade, que acolhessem e mantivessem às suas custas emigrantes ‘sem documentos’, castigando assim a atitude generosa ou a virtude de hospitalidade com penas reservadas aos delitos”, assinalou.

Dom Sánchez observa que embora, devido ao alto índice de desemprego, se possa “cair na tentação de pensar que os estrangeiros, documentados ou não-documentados são uma pesada carga para nós”, devemos recordar que em outros momentos de prosperidade, “lhes abrimos as portas, porque necessitávamos deles”.
O prelado recordou aos espanhóis que a maior mobilidade e o contacto com pessoas de outras culturas oferecem “a grande oportunidade” de exercitar a hospitalidade. Por isso, convidou os fiéis a exercerem a virtude da hospitalidade, especialmente com os imigrantes, e a estarem atentos com o rumo que possa tomar essa reforma legislativa.

Outra tomada de posição, mais centrada sobre o problema dos migrantes que pedem asilo, teve lugar em Itália, pela boca do Padre Giovanni La Manna, jesuíta, responsável pelo Centro Astalli, “Serviço dos Jesuítas para Refugiados”. Em entrevista à Rádio Vaticano, o sacerdote recorda que o Papa convidou os fiéis a rezar no mês de Agosto a fim de que a opinião pública tome consciência do problema de milhões de deslocados e refugiados, e que sejam encontradas soluções concretas para essa situação muitas vezes trágica.
Padre La Manna ressalta que a Itália reconhece o direito de asilo político, enquanto signatária da Convenção de Genebra, mas de facto impede os refugiados de chegarem ao país e fazerem o pedido de asilo.
O jesuíta reiterou a importância de acolher os refugiados e reconhecer sua dignidade, aceitá-los como irmãos. "O que me entristece é que a União Europeia está a tornar-se cada vez mais uma fortaleza concentrada em travar o fenómeno de entrada de imigrantes, em vez de se preocupar com as pessoas " – concluiu o sacerdote.









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