Cidade do Vaticano, 02 ago (RV) - Quando, no deserto, o povo judeu começou
a sentir fome e sede, pôs-se a lamentar-se, lembrando o passado recente, no Egito,
quando, apesar da escravidão, estava sempre bem alimentado com muito pão e muita panela
cheia de carne.
Deus os ouviu e como Pai providente, saciou-os com maná
e codornas. Afinal fora Ele quem providenciara a libertação do senhorio egípcio, do
mesmo modo que havia, séculos atrás, providenciado a ida e a ascensão de José, filho
de Jacó, ao posto de vice-rei daquela terra dos faraós.
Agora, ao ouvir
este novo clamor de seu querido povo, o Senhor fez coincidir as migrações daqueles
pássaros com a fome dos judeus, como também fez coincidir o gotejamento de um arbusto
típico do deserto sinaítico com a passagem do mesmo povo. Portanto, as aves e os pingos
açucarados, ou seja, o maná, atividade normal da natureza naquele período, foram vistos
e acolhidos pelos judeus como milagre.
Deus não respondeu ao povo com recriminações
e castigos, mas ao contrário, dando alimento em abundância.
Por outro lado,
Deus, como pedagogo, trabalhou o ponto frágil do povo que era a confiança em Sua Providência.
Os israelitas deviam, a cada dia, esperar o alimento das mãos de Deus. As aves deveriam
ser abatidas; não era possível criá-las e o maná, por sua vez, não podia ser armazenado,
pois se estragava. A cada dia dispunham de alimento físico e também espiritual, isto
é alimentar-se de fé na Providência.
No Evangelho, Jesus proporcionou ao
povo alimento em abundância. Apenas viu frustrado seu objetivo, quando alimentou o
povo com peixes e pão. O Senhor desejava, com esse sinal, mostrar o valor da partilha
de todos os bens, isto é, alimentá-los com o dom de serem generosos, de partilharem
seus bens, mas o povo queria apenas o alimento perecível.
Jesus, então, alertou
o povo dizendo: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que
permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará.” O Senhor sabe que os
alimentos comuns - comida, viagens, estudos - nada nos satisfaz, mas apenas Sua Palavra,
que é Palavra de Vida. “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, não terá mais fome;
e quem crê em mim nunca mais terá sede.”
A segunda leitura se refere à nossa
inconstância, apesar do compromisso radical feito no Batismo. Deveremos diariamente,
possibilitar o crescimento do homem novo, renovando nossa fé em Jesus, buscando o
alimento que não perece, confiando sempre em sua Providência.
Se algo nos
falta ou aos nossos irmãos, saibamos que de há muito Deus providenciou, mas alguém
o subtraiu, não partilhando. A carência material de alguns denuncia a pobreza espiritual
de outros. (CAS)