Roma, 31 jul (RV) - A Nigéria corre o perigo de ser submetida a uma “islamização”
radical, afirma o diretor do Instituto Católico para o Desenvolvimento, a Justiça
e a Paz no Estado nigeriano de Enugu, Padre Obiora Ike. Falando com a associação caritativa
Ajuda à Igreja que Sofre, o sacerdote citou os recentes conflitos entre o movimento
islâmico radical Boko Haram (“A Instrução é pecado”) e as forças de segurança, que
provocaram pelo menos 600 mortes.
Para o Padre Ike, após os últimos ataques
que sucedem desde 24 de julho no norte da Nigéria, o país atingiu um “novo nível”
de violência. Os conflitos entre as forças de segurança se verificaram após os assaltos
de Boko Haram às delegacias de polícia em quatro Estados como represálias à prisão
dos líderes do grupo, que pedem a imposição da lei islâmica, shariá.
A violência
teve início no Estado setentrional de Bauchi, de maioria muçulmana, difundindo-se
aos vizinhos Estados de Yobe, Kano e Borno. “Até o momento os islâmicos radicais tinham
tomado de mira exclusivamente os cristãos, mas agora se formaram novos grupos radicais
que estão atacando todos os organismos ocidentais e também outros grupos muçulmanos”,
explicou Padre Ike.
O sacerdote pediu aos governos ocidentais que apóiem a
Nigéria na luta contra os militantes islâmicos, assegurando a instrução e reduzindo
a pobreza. Os atuais problemas - constata o padre - , são provocados pela “falta de
instrução, falta de trabalho, ausência de competências, pouco dinheiro, o que provoca
uma falta de sentido de vida”. “Tudo isso leva a abusos ideológicos e ao desvirtuamento
da juventude por parte de terroristas”, acrescentou o sacerdote.
Segundo um
relatório da Ajuda Igreja que Sofre de 2008 sobre os cristãos oprimidos por causa
de sua fé, as comunidades cristãs nos 12 Estados nigerianos onde está em vigor a shariá,
sofrem por causa da intolerância e da discriminação. Essas comunidades são acusadas
falsamente de blasfêmia em relação ao Islã, têm os seus lugares de culto destruídos;
inclusive são vítimas de seqüestro e de conversão forçada de adolescentes ao Islã,
sobretudo moças. (SP)