2009-07-31 16:25:04

GENTILEZAS E PANCADAS: A DUPLA FACE DO REGIME VIETNAMITA


Hanói, 31 jul (RV) – Cortesias diplomáticas com o Vaticano e mão de ferro com a Igreja na pátria. Meio milhão de católicos fazem um cortejo pacífico. Rezam entre as ruínas das igrejas destruídas pelo Governo. Espancados e detidos, permanecem fiéis à própria fé.

O Vietnã é um dos poucos Estados do mundo – juntamente com a Arábia Saudita e a China – que não mantém relações diplomáticas com a Santa Sé. É também um país onde a comunidade católica continua a ser perseguida e maltratada. No entanto, o Vietnã será uma das etapas da visita que Bento XVI realizará à Ásia, em 2010.

O convite a visitar o Vietnã foi feito ao papa pelo bispo de Da Lat, Dom, Pierre Nguyên Vân Nhon, durante a visita "ad Limina" realizada recentemente, pelos bispos vietnamitas. Mas ainda falta, pois na véspera da viagem a Roma, para a visita "ad Limina", o arcebispo de Hanói, Dom Joseph Ngô Quang Kiêt, recebeu o encargo, por parte do departamento de assuntos religiosos, de convidar o papa a visitar o país.

É provável que o convite oficial seja apresentado pessoalmente pelo presidente vietnamita, Nguyên Minh Triet, durante a audiência que terá com o papa, em dezembro próximo, no Vaticano. Este será o segundo encontro de Bento XVI com uma autoridade desse país, após sua reunificação sob o regime comunista, em 1975: o primeiro foi a visita, em 25 de janeiro de 2007, do primeiro-ministro Nguyên Tan Dung.

Em novembro próximo, virá a Roma uma delegação do Governo de Hanói, para discutir com representantes da Santa Sé, a possibilidade de se estabelecer relações diplomáticas entre ambos. Será a segunda rodada de negociações: a primeira realizou-se em Hanói, nos dias 16 e 17 de fevereiro passado.

O ponto-chave de tais conversações continua sendo a nomeação dos bispos, pois no Vietnã, a Santa Sé não pode nomear bispos livremente. Segundo o atual procedimento, a Santa Sé apresenta – para cada diocese vacante – três candidatos, dentre os quais as autoridades vietnamitas excluem aqueles que veem como personas non gratas.

Atualmente, no Vietnã, nenhuma diocese, das 26 existentes, está vacante. Os católicos somam mais de seis milhões de fiéis, ou seja, 8% do total de habitantes que é de 84 milhões.

Além de muito dinâmica, a comunidade católica vietnamita participa ativamente da vida pública. No discurso que dirigiu aos bispos durante sua visita "ad Limina", Bento XVI fez questão de frisar que "as religiões não representam um perigo para a unidade da nação" que elas atuam "generosamente e de maneira desinteressada, a serviço do próximo".

Palavras que, todavia, não parecem ter sido capazes de tranquilizar as autoridades do país, como o demonstram os fatos destas últimas semanas.

No último dia 20, milhares de católicos ocuparam o que resta da histórica igreja de Tam Toa, 300 km a sul de Hanói, erigida no século XVII, reconstruída no final do século XIX e semidestruída pelos bombardeios norte-americanos, em 1968, erguendo uma cruz e um altar entre as ruínas. A procissão de fiéis e sacerdotes foi dispersa à força, com detenções e pancadaria contra membros do clero e fiéis. (AF)







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