Cidade do México, 29 jul (RV) - “Corrupção, superlotação e dependência de drogas”,
são alguns dos flagelos que segundo um estudo da Pastoral social do episcopado mexicano
atingem as prisões do país e, sobretudo, as pessoas submetidas a tratamento carcerário;
são mais de 2 milhões e 270 mil entre aqueles efetivamente em prisão e aqueles que
têm prisão domiciliar. Sobre todos eles – destaca o documento – há um controle muito
forte exercitado pelos cartéis do narcotráfico, configurando assim um dos fenômenos
sociais mais explosivos do país que aguarda uma resposta por parte do governo federal,
mas também dos estados e dos municípios.
Trata-se, em síntese, de condições
que explicam o aumento impressionante da violência dentro das prisões, as rebeliões
e as fugas. As pesquisas realizadas pela Pastoral social em todo o país recordam que
somente nos últimos 10 anos foram detidos pelo menos um milhão de adultos e que a
metade daqueles que atualmente são submetidos a tratamento carcerário, tem uma idade
inferior aos 30 anos.
Entretanto, os crimes não diminuem, ao contrário, 28%
deles estão ligados diretamente ou indiretamente à droga e à dependência de drogas,
mas o mais grave é que os culpados por esses crimes acabam nos lugares lá onde é mais
fácil drogar-se ou comprar a droga, ou seja, a prisão. A Pastoral social destaca a
falta de uma resposta a essa realidade denunciada pelos mesmos detentos como resulta
de centenas de questionários que foram respondidos por eles mesmos ou por seus familiares
e que são a base da pesquisa que durou diversos meses.
Preocupa ainda, segundo
a pesquisa que muitas vezes a direção ou os cargos de responsabilidade nas prisões
são assinalados com base a critérios clientelísticos ou políticos. O documento, ilustrado
e entregue aos bispos do México na semana passada, destaca ainda a questão das mulheres:
43% das detidas estão presas por crimes contra o patrimônio e tem uma idade entre
21 e 30 anos. Entre as mulheres na prisão as indígenas – de maioria “nahuas” – são
as mais vulneráveis. Cerca de 46% dessas mulheres, entre 58 e 82 anos de idade, estão
na prisão por tráfico de drogas e muitas, em particular as mais idosas, estão completamente
abandonadas, quase sepultadas vivas. (SP)