RÚSSIA: PROJETO-PILOTO SOBRE ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS
Moscou, 25 jul (RV) – O patriarca ortodoxo de Moscou e de todas as Rússias,
Kirill, elogiou o anúncio do presidente russo, Dimitri Medvedev, acerca da introdução
do ensino religioso nas escolas russas. O projeto- piloto prevê o ensino de apenas
quatro credos entre os quais não se inclui o católico.
O anúncio foi bem recebido
também pelo arcebispo da arquidiocese moscovita da "Mãe de Deus", Dom Paolo Pezzi.
O Presidente Dimitri Medvedev anunciou, na última terça-feira, um projeto-piloto
que introduzirá no currículo das escolas russas, o ensino das matérias Religião ou
Ética Secular.
Acredita-se que a proposta faz parte de um esforço do Kremlin,
para ensinar moral aos jovens russos, depois de um turbulento período de incerteza,
sucessivo ao desmanche da ex-URSS e, consequentemente, ao colapso do ateísmo oficial
então reinante.
O Patriarca Kirill, líder de cem milhões de cristãos ortodoxos
na Rússia, elogiou a proposta: "Todas as preocupações que a sociedade expressou serão
abordadas por esta liberdade de escolha" − disse.
A Igreja Ortodoxa russa vinha
promovendo a ideia de introduzir o ensino religioso nas escolas. Igreja e Estado na
Federação Russa são oficialmente separados, segundo as normas constitucionais. Há
três anos, algumas regiões tomaram a iniciativa e pediram que fossem ministrados cursos
de ortodoxia russa.
Respondendo às preocupações de quem não é religioso e teme
que este seja um modo de impor a religião da Igreja Ortodoxa, Medvedev disse que "os
estudantes e seus pais poderão escolher livremente. Qualquer coerção ou pressão será
absolutamente inaceitável e improdutiva" − acrescentou.
O presidente também
explicou que a proposta é válida apenas para quatro credos, excluindo os demais, em
particular o catolicismo e o protestantismo.
Medvedev disse que o programa
nacional começará no próximo ano, com a aplicação do projeto-piloto em 18 regiões,
cobrindo aproximadamente 20% das escolas russas. Calcula-se que cerca de 18% dos russos
são membros da Igreja Ortodoxa russa.
O Arcebispo Paolo Pezzi disse à nossa
emissora nos dias passados que, "se em algumas escolas, a presença de alunos católicos
for tão numerosa a ponto de podermos formar um grupo, estamos pensando em pedir autorização
para a possibilidade de que lhes possa ser ministrado o ensino católico".
Segundo
o prelado, esta iniciativa do Governo responde à emergência educativa que vive o país,
pois, segundo explicou, a opinião pública e os governantes se deram conta "da necessidade
de voltar a educar os jovens, de voltar a dar-lhes uma proposta convincente para a
vida". (AF)