2009-07-25 11:52:11

PAPA: "UMA SOCIEDADE SEM DEUS É UMA SOCIEDADE SEM BÚSSOLA


Aosta, 25 jul (RV) - Famílias em dificuldade, crise econômica e as violências em ato no mundo, sinais de que “uma sociedade sem Deus é uma sociedade sem bússola”, foram os temas centrais da visita no dia de ontem de Bento XVI a Aosta, que durou cerca de uma hora.

Sem poder escrever nestes dias por causa de sua fratura no pulso direito, o Papa improvisou a sua homilia na catedral de Aosta que se encontra a 20 km da localidade de Les Combes, onde passa um período de repouso. As palavras de Bento XVI se converteram no momento culminante das vésperas que presidiu junto a cerca de 400 sacerdotes, religiosos, religiosas e representantes leigos das paróquias da diocese.

A celebração foi introduzida pelo bispo de Aosta, Dom Giuseppe Anfossi, que chamou a atenção para o tema da família “que hoje sofre muito” por causa da crise, solicitando um maior apoio a elas.

Já na sua homilia, com tom eminentemente teológico, Bento XVI foi preciso ao afirmar que “uma sociedade sem Deus é uma sociedade sem bússola, incapaz de encontrar uma orientação para aprofundar a crise econômica atual, mas também os dramas, os sofrimentos, as injustiças das quais sofre o mundo. Certamente a relação com Deus é algo profundamente pessoal; a pessoa é um ser em relação e se a relação fundamental – a relação com Deus – não é viva, não é vivida, também as outras relações não podem encontrar a sua justa forma, disse o papa. Mas isso vale também para a sociedade, para a humanidade como tal. Por isso, prosseguiu Bento XVI, “devemos levar novamente ao nosso mundo a realidade de Deus, fazer com que todos o conheçam”, exortando os presentes a não terem medo da palavra “onipotência” divina.

O Papa em seguida falou do poder, explicando como no mundo de hoje o poder se identifica “com quem tem grandes capitais, ou forças militares”, enquanto “o verdadeiro poder é feito de graça e de misericórdia”. Palavras bem radicadas no contexto da história, tanto que o Santo Padre chegou a citar Stalin.

“A pergunta de Stalin sobre quantas divisões o Papa tem? ainda hoje caracteriza a nossa idéia de poder. O poder tem aquele que pode ser perigoso, que pode ameaçar, que pode destruir, que tem em mãos tantas coisas do mundo. Mas a revelação nos diz: “Não é assim”; o verdadeiro poder é o poder da graça e da misericórdia. Na misericórdia Deus demonstra o verdadeiro poder”. 
O Poder de Deus – continuou o papa – é “o de sofrer conosco” e, através do perdão, mudar o mundo. “Deus perdoa transformando o mundo, para que o rio do bem seja maior do que todo o mal que possa existir. E se isso se verifica “o mundo mesmo torna-se liturgia, o cosmo torna-se hóstia viva”, disse o Santo Padre.

Palavras que ressoaram como se vindas do céu, junto com uma improvisa chuva, que banhou a Praça João XXIII diante da catedral de Aosta, onde foi montado um pequeno palco. Após a celebração das Vésperas, fora da igreja, o papa abençoou algumas crianças e desejou aos presentes boas férias, com um tempo bom, e brincando disse – mostrando o gesto no braço direito – “sem incidentes”.

Impossibilitado de escrever por causa do gesso, Bento XVI, sublinhou nessa homilia as suas últimas meditações na paz de Les Combes, interrompida somente por poucos compromissos de trabalho.

O próximo encontro do papa, para o qual são esperadas cerca de 5 mil pessoas, é a oração do Angelus neste domingo, em Les Combes. Na manhã deste sábado, o Santo Padre foi submetido a uma visita de controle do pulso direito. Presentes os médicos de Aosta que o operaram, o seu médico pessoal e um especialista encarregado de prosseguir as curas em Castel Gandolfo, para onde o papa se transferirá no início de agosto. (SP)







All the contents on this site are copyrighted ©.