ENCERRA-SE HOJE O 12º INTERECLESIAL DAS COMUNIDADES DE BASE
Porto Velho, 25 jul (RV) - Encerra-se neste sábado em Porto Velho (RO), o 12º
Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que teve início no
último dia 21, com o lema “Do Ventre da Terra, o Grito que vem da Amazônia” e o tema
“CEBs: Ecologia e Missão”. Mais de 3 mil os participantes, provenientes de 272 dioceses
de todo o Brasil. Estima-se que no Brasil existam entre 80.000 e 100.000 Comunidades
Eclesiais de Base.
Participaram na entrevista coletiva de ontem, 24, no âmbito
do encontro, a assessora nacional da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), irmã
Antônia Mendes; a ex-ministra do Meio Ambiente e atual senadora da República, Marina
Silva e o bispo de Boa Vista (RR), dom Roque Paloschi.
“Sou negra, seringueira
e religiosa, sou a cara do meu estado (Rondônia)”, explicou irmã Antônia Mendes, que
continuou dizendo não há mais espaço, dentro da atual conjuntura social para continuar
com discriminações contra as comunidades tradicionais (índios, quilombolas, ribeirinhos
e seringueiros). “Este pensamento já não pode prevalecer em nossa sociedade, mas infelizmente
não é isso que vemos. O que percebemos é que cada vez mais somos marginalizados, excluídos
e oprimidos em nossas próprias terras. Estamos sendo empurrados para cada vez mais
longe, estamos sendo vítimas do chamado “progresso capitalista” e isto está nos levando
à destruição de nosso planeta.
Dom Roque Paloschi também falou sobre essas
comunidades, principalmente as indígenas, em especial a da reserva florestal Raposa
Serra do Sol e explica o quanto ele são importantes no papel de preservação ambiental
e também o quanto devem ser respeitados por serem os donos legítimos de suas terras.
“As nossas Comunidades Eclesiais de Base estão aprendendo com os povos tradicionais,
da floresta, dos indígenas, dos quilombolas, essa é uma missão de amor a vida, na
defesa do meio ambiente. As comunidades originais têm nos ensinado muito e somos muito
gratos a eles por esses ensinamentos. Devemos respeitá-los e ajudá-los”.
A
senadora da República Marina Silva, por sua vez, se disse indignada com esse “descaso”
do governo em relação a essas comunidades. “Lutei e lutarei até o fim de meus dias
para ver essas comunidades valorizadas, respeitadas e admiradas porque elas são o
berço de nossa civilização Brasileira, e não podemos destruí-la ou deixar que a façam
por causa da ganância e do consumismo”, ressaltou Marina, dizendo o mundo vive uma
crise econômica e ambiental sem precedentes na história da humanidade. “Por isso devemos
respeitar e seguir dos povos originais, ou seja, cuidar do meio ambiente, pois nós
não vivemos sem a Terra, mas a Terra vive sem nós”. (SP)