COREIA DO NORTE EXECUTA CRISTÃ QUE DISTRIBUÍA BÍBLIAS
Pyongyang, 25 jul (RV) - Uma mulher cristã, acusada de distribuir exemplares
da Bíblia − livro banido na comunista Coreia do Norte − foi executada publicamente
pela infração no mês passado, informaram ontem, ativistas sul-coreanos. Ela foi morta
na cidade de Ryongchon, perto da fronteira com a China.
Mãe de três filhos,
Ri Hyon Ok, de 33 anos, também foi acusada de ser espiã da Coreia do Sul e dos Estados
Unidos, e de organizar dissidentes, segundo um grupo direitista de Seul, citando documentos
obtidos sobre ações no país vizinho.
De acordo com o relatório da Comissão
de Investigação sobre Crimes Contra a Humanidade, o marido, os filhos e os parentes
de Ri Hyon Ok foram enviados a uma prisão política no dia seguinte à sua execução,
em 16 de junho. A agência de notícias oficial da Coreia do Norte não se pronunciou
sobre o caso.
A morte é o mais recente capítulo violento envolvendo a religião
na Coreia do Norte, um país onde o Cristianismo floresceu e cuja capital, Pyongyang,
já foi conhecida como a "Jerusalém do Oriente" pela predominância da fé cristã.
A
Constituição do país garante a liberdade religiosa, mas, na realidade, o regime comunista
restringe severamente a prática de religiões. O culto à personalidade, criado pelo
fundador Kim Il-sung e usufruído por seu filho, o atual líder Kim Jong-il, serve como
uma espécie de religião do Estado. Aqueles que violam as restrições são comumente
acusados de crimes como espionagem ou atividades contra o Governo.
Quatro
Igrejas dispõem de autorização do Governo para funcionar: uma católica, duas protestantes
e uma ortodoxa russa. No entanto, elas atendem somente os estrangeiros, pois os norte-coreanos
não podem comparecer às missas. Ainda assim, estima-se que mais de 30 mil cidadãos
pratiquem a fé cristã às escondidas, o que representa um grande risco pessoal, dizem
desertores e ativistas.
Um estudo norte-americano sobre abertura religiosa
no mundo, divulgado em maio de 2008, afirma que "não há genuína liberdade religiosa"
na Coreia da Norte. Segundo esse estudo, há cerca de 6 mil cristãos presos na "Prisão
nº 15", no norte do país, onde presos por motivos religiosos são mais maltratados
que os demais detentos.
"A Coreia do Norte parece acreditar que as forças cristãs
possam representar um perigo para o regime" − disse o ativista Do Hee-youn à agência
de notícias Associated Press, nesta sexta-feira, em Seul, capital da Coréia do Sul.
(AF)