Portugal tem de promover políticas humanistas de asilo e imigração
(24/7/2009) Portugal deverá continuar a desenvolver a nível nacional e a defender
no seio da União Europeia políticas humanistas em matérias de asilo e imigração. O
Seminário «Direitos Humanos e Destituição», que esta Quinta-feira, decorreu em Lisboa,
organizado pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados, pede para que a destituição seja um
tema "visível na opinião pública" e que "integre a agenda política". O encontro
pretendeu reflectir sobre a situação dos imigrantes destituídos. Esta situação acontece
quando um Estado não reconhece os direitos e não tem políticas que se adeqúem aos
imigrantes ou quando, mesmo com direitos consagrados, estes estão na prática vedados
aos imigrantes dado a existência de obstáculos que impedem a efectivação da lei. O
Seminário centrou-se sobre a habitação, o emprego e a saúde, três grandes áreas consideradas
fundamentais para quebrar o círculo vicioso da destituição. O documento final
do Seminário afirma que "a realidade da destituição não é uma fatalidade, mas uma
consequência de violações de Direitos Humanos relacionados com políticas levadas a
cabo pelos próprios Estados". O documento refere que, num contexto de crise económica
global "onde muitas resistências se levantam, a defesa e a promoção dos Direitos Humanos
assume um papel particularmente desafiante". O JRS manifesta a necessidade de
"um envolvimento concertado entre entidades ligadas à imigração", sublinhando ainda
que a situação de destituição "afecta o bem-estar físico e psicológico dos migrantes".
O JRS Portugal vai criar um grupo de trabalho «ad hoc» sobre direitos humanos
e destituição, constituído por técnicos, académicos e decisores políticos, que divulgue
e acompanhe a implementação das conclusões deste seminário. O resultado do Seminário
«Direitos Humanos e Destituição» vai ser editado em livro, a lançar no Dia Internacional
dos Direitos Humanos, a 10 de Dezembro. Rosário Farmhouse, Alta Comissária para
a Imigração para o Diálogo Intercultural, a intervir na sessão de abertura do Seminário
questionou a fixação de direitos fundamentais dos imigrantes nos fluxos migratório.
"Os direitos não podem ser limitados aos migrantes. Saúde, educação e habitação são
áreas sensíveis", constatou. A Alta Comissária para a Imigração considerou o trabalho
das ONG's como "fundamental". Pela proximidade e confiança que estabelecem com as
situações reais "fazem chegar ao governo, que muitas vezes está distante do terreno,
o que realmente se passa". Nesse sentido, Rosário Farmhouse pediu que as associações
ajudem a elaborar o próximo Plano para a Integração dos Imigrante (PII), que irá abranger
os anos 2010-2012.